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“Você sabia que é possível ver poeira cósmica? No plano da trajetória da Terra ao redor do Sol há uma nuvem de poeira, criada pela fragmentação de cometas e asteroides. Essa nuvem de poeira interplanetária reflete a luz solar dando origem a uma faixa de luz difusa, que em algumas circunstâncias pode ser observada a partir da Terra, mesmo a olho nu. Por estar no plano da órbita terrestre, a vemos no céu na direção das constelações do zodíaco, e daí o nome ‘luz zodiacal’”. Essa luz, que é mais perceptível quando a observamos próxima ao horizonte logo depois do pôr ou antes do nascer do Sol, foi descrita como uma aurora falsa por poetas persas e em textos sagrados islâmicos, diferenciando-a da verdadeira aurora, e é tema de um dos artigos do novo boletim Dia e Noite com as Estrelas, edição de maio, que pode ser acessado neste link. A publicação gratuita é produzida mensalmente por estudantes de graduação e pós-graduação da USP, liderados pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG).
Essa aurora falsa “foi também observada pelos astecas e pelos gregos antigos, com textos gregos descrevendo que era possível ver o dia numa direção e a noite na outra antes da alvorada começar, visto de cumes dos Cáucaso e de montanhas na Turquia”, como descreve o autor do texto por Otavio Moreira, do Instituto de Física (IF) da USP. Segundo ele, caso tenha a oportunidade de observar um céu realmente escuro, a luz zodiacal é uma mancha impressionante, que foi um mistério por milênios e revela a poeira entre os planetas.
O autor ainda descreve as condições favoráveis para a observação, já que, como ele diz, a luz zodiacal é muito fraca, e não é possível vê-la de qualquer lugar: “É visível apenas em uma noite sem nuvens, sem Lua e longe de centros urbanos, pois a poluição luminosa impede a observação nas cidades. Nas zonas tropicais, a luz zodiacal é visível durante o ano inteiro, já nas zonas temperadas é visível apenas na primavera, após o pôr do Sol, e no outono, antes da aurora. Nas outras estações do ano, a nuvem de poeira interplanetária encontra-se muito próxima do horizonte, assim a atmosfera mais espessa e a poluição luminosa tornam a observação impossível”, explica.
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Cometa do Diabo
O Cometa do Diabo, ou o cometa 12P/Pons-Brooks (Pons-Brooks) é um cometa periódico (aparições repetidas após determinados intervalos de tempo) da família Júpiter, composto daqueles objetos com órbitas influenciadas por sua gravidade e por isso podem se aproximar significativamente desse planeta, como explica o autor Matheus Agenor (Unesp). Segundo ele, foi descoberto por Jean-Louis Pons, em 26 de julho de 1812, e novamente por William Robert Brooks, em 7 de julho de 1883, e por isso leva o nome desses dois astrônomos.
“O Pons-Brooks é relativamente pequeno, em comparação com alguns dos cometas famosos, e suas aparições são muitas vezes discretas. No entanto, quando está próximo do periélio (o ponto mais próximo do Sol em sua órbita), pode se tornar visível a olho nu no céu noturno. Como os demais, ele consiste principalmente de gelo, poeira e pequenas rochas. Durante suas aparições, os astrônomos o estudam para entender melhor sua composição e comportamento. Esses estudos fornecem informações sobre a história e a formação do sistema solar”, comenta Agenor.
Ainda na edição, como diz no editorial do boletim a professora Suellen Camilo, do IF, estão textos sobre o fascínio do que um eclipse solar pode trazer sobre a estrutura e fenômenos físicos do Sol, o aglomerado de galáxias que intriga os astrônomos, o Cluster de Fornax, que está localizado na constelação de Fornax, e que pela primeira vez foi capturado em detalhes pelo projeto Fornax do S-PLUS (S+FP), grupo liderado pela astrofísica Analía Smith-Castelli, da Universidad Nacional de La Plata, que conta com a participação de cientistas de todo o mundo.
E, por fim, existe algo que seja mais rápido do que a luz? “É comum ouvir, inclusive nas aulas de Física, que nada viaja mais rápido do que a luz. Porém, em filmes e séries sobre usinas nucleares ou sobre seus acidentes, nos é comumente mostrado reatores nucleares e uma belíssima luz azulada que os envolvem. Essa luz azul nos reatores, tão representada nas telas, não é ficção: é um fenômeno físico chamado de Efeito Cherenkov e ele, surpreendentemente, ocorre quando partículas viajam mais rápido do que a luz no meio em que o reator está inserido”, explica Luiza Correa, do IAG.
Divulgação científica
O boletim Dia e Noite com as Estrelas é mensal e gratuito e, tem a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação da USP, sob a coordenação de Ramachrisna Teixeira, com a colaboração de Roberto Boczko, ambos professores do IAG. O objetivo do projeto é fazer a divulgação científica das questões astronômicas atuais, tornando os conhecimentos acessíveis ao público geral sem abrir mão da precisão. Com linguagem didática e bem-humorada, o material pode interessar especialmente a professores do ensino fundamental e médio, que podem utilizá-lo em suas aulas.
Confira a última edição do boletim neste link. Acesse as edições anteriores clicando aqui. Caso queira recebê-lo diretamente, inscreva-se na lista de transmissão. Mais informações pelo e-mail: contatodncestrelas@gmail.com.