Ziraldo, um fumante que contribuiu para as campanhas antitabágicas

Segundo João Paulo Lotufo, as campanhas antitabágicas desenvolvidas no País devem muito à colaboração do desenhista e cartunista

 Publicado: 22/04/2024

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João Paulo Lotufo homenageia em sua coluna o cartunista, chargista e escritor Ziraldo, recentemente falecido, por este ter contribuído para mudar as campanhas de prevenção ao uso do tabaco aqui no Brasil. Lotufo observa que Ziraldo colocou seu talento a serviço da divulgação, para a população, dos malefícios do cigarro. O colunista se recorda de que foi de autoria do cartunista o primeiro cartaz que colocou na sala dos médicos, no Hospital Universitário, o qual dizia que fumar fede. Lotufo é enfático ao afirmar que as contribuições de Ziraldo foram fundamentais para promover o conhecimento  sobre os problemas causados pelo tabaco, tanto que atraiu para si a atenção do Inca (Instituto Nacional do Câncer), que começou a trabalhar com o autor de O Menino Maluquinho.

“Os pôsteres dele, com traços bem humorados, ajudaram a desmistificar o glamour associado ao ato de fumar. O trabalho dele produziu um impacto significativo na mudança de percepção sobre o tabagismo e foi influenciando as legislações mais rigorosas aqui no Brasil contra o tabagismo como, por exemplo, aquela que proíbe fumar em ambiente fechado”, relata o colunista. “Ele foi premiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987 por sua contribuição na campanha tabaco ou saúde. Desde então, as estratégias de comunicação têm sido integradas plenamente na política de controle do tabaco no Brasil; isso tudo acabou aparecendo no Saber Saúde, que é um programa do Inca sobre os problemas do cigarro e sobre a prevenção do tabagismo.”

O trabalho de prevenção ao uso do tabaco que ajudou a desenvolver foi tão forte que o próprio Ziraldo embarcou na onda e parou de fumar, numa época, como salienta Lotufo, em que as campanhas antitabaco eram muito associadas à morte, mas até nisso ele deu sua contribuição ao passar a explorar o lado comportamental das pessoas. “Ele falou: ‘Olha, está tudo errado, o que vai mudar a maneira das pessoas verem o hábito de fumar é o lado comportamental, tem que colocar que é cafona fumar, que é careta, que é brega, que é de mau gosto’, e aí ele falou: ‘Vou fazer essa campanha’. “Os  nossos parabéns ao Ziraldo, não só pela campanha, porque ele foi um vencedor nessa luta antitabágica, ele conseguiu parar de fumar sendo um fumante bem dependente. E parabéns a todos que estão querendo parar de fumar tanto cigarro comum quanto cigarro eletrônico”.


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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