Vitória de Biden deve levar EUA de volta à descarbonização

Para José Eli da Veiga, a eleição de Joe Biden deverá reconduzir os EUA ao Acordo de Paris, o que já vem sendo celebrado, com um certo exagero, por entusiastas da questão climática

 12/11/2020 - Publicado há 4 anos
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Para o professor José Eli da Veiga, EUA, Europa e China, do ponto de vista geopolítico, são as três grandes potências climáticas do planeta. “Se tomarem as medidas corretas e conseguirem levar o processo de inovação tecnológica na direção da descarbonização, começarão a fazer a diferença”, diz. “Daí, o jogo em relação ao problema de se atingir a neutralidade, até meados deste século, passa a ser mais razoável”, avalia. Além da Europa, que é a mais comprometida com esse objetivo, o colunista lembra que a China já tinha anunciado que, antes de 2060, pretende atingir a neutralidade.

A situação, segundo o professor, gerou um otimismo exagerado. Como exemplo, ele cita a entrevista do climatologista Johan Rockstrom à jornalista Daniela Chiaretti, no jornal Valor Econômico, logo após a vitória de Biden. “O cientista falou que essas três potências poderiam formar um G3. Trata-se de um erro de perspectiva porque, na verdade, teremos um jogo complicado, com uma provável aliança dos EUA e Europa para pressionar a China numa determinada direção”, analisa Eli da Veiga. Mas o fato de a China ter decidido que o país, até 2060, terá a neutralidade carbono não implicará política externa ativa do país em relação a seus aliados. “A estratégia de influência da China no mundo abarca hoje cento e tantos países, numa área de influência atualmente muito maior do que Estados Unidos e Europa somados”, contabiliza o colunista.


Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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