Turbinas eólicas flutuantes têm potencial para descarbonizar exploração petrolífera

Alexandre Simos fala sobre os testes que envolvem tecnologia inédita de eólica offshore, fruto de parceria da Petrobras com a Escola Politécnica e a Universidade Federal do Rio de Janeiro

 11/08/2023 - Publicado há 9 meses
A Escola Politécnica da USP vem estudando a tecnologia flutuante há quase dez anos – Foto: Pixabay
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A Petrobras está testando tecnologia inédita de eólica offshore, em parceria com a Escola Politécnica da USP e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda em fase de testes em laboratório da UFRJ, trata-se de um sistema eólico flutuante em escala reduzida, composto de um aerogerador apoiado em uma estrutura semissubmersível de quatro colunas. A tecnologia representa um passo importante na busca de eficiência tecnológica aliado a benefícios ambientais, bem como um custo mais baixo de produção para plataformas de pré-sal.

Por dentro da tecnologia 

Alexandre Simos – Foto: Linkedin

As turbinas eólicas flutuantes são uma tecnologia nova em termos mundiais, mas já são realidade em alguns países europeus e no Japão. Os testes feitos no Brasil estão ampliando a capacidade dessas tecnologias, uma vez que elas têm algumas limitações: “Todas elas são limitadas ainda hoje a pequenas distâncias da costa, por exemplo, e principalmente a baixas profundidades, até 300 metros”, afirma Alexandre Simos, professor do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP. 

Segundo o professor, a tecnologia tem sido levada para águas profundas do Brasil, como as bacias de Santos e de Campos. “A gente está falando de 2 mil metros de profundidade com o intuito de usar a energia eólica, essa energia limpa para alimentar, por exemplo, sistemas submarinos que são usados na produção de óleo e gás ou as próprias plataformas de produção que operam nos nossos campos de óleo.”

Benefícios

Uma das metas e possibilidades que essas turbinas possuem é a de descarbonizar a própria exploração petrolífera, por meio da troca das turbinas a gás pelas eólicas. “As grandes turbinas marítimas que hoje em dia já estão no mercado têm até 15 megawatts de potência. Para dar uma ideia, essas grandes plataformas de petróleo que a gente vê hoje no pré-sal, por exemplo, têm uma usina de energia instalada que gera quase 100 megawatts de potência, então é uma grande quantidade de energia elétrica que é demandada pela própria planta de produção. Hoje em dia, essa energia é gerada exclusivamente com turbinas a gás, e a gente tem também, como consequência, emissões de gases de efeito estufa, emissões principalmente de CO2”, afirma Simos. A potência de 15 MW representa de 10% a 30% da energia elétrica necessária para abastecer uma plataforma do pré-sal atualmente. 

Pesquisa e investimento

A Escola Politécnica da USP vem estudando a tecnologia flutuante há quase dez anos e, no momento atual, a parceria com a Petrobras tem aberto mais portas para o sucesso de projetos nessa área. “É a indústria que tem as demandas por tecnologia, demandas por inovação, e nós da engenharia esperamos essas demandas para colaborar na solução desses problemas e para gerar inovação. Esse mecanismo é fundamental para impulsionar a inovação no País”, defende Simos.

Além disso, a parceria garante o apoio financeiro necessário para que os estudos avancem. “É importante a gente citar que essas pesquisas de ponta que a gente faz custam muito dinheiro. (…) Não é barato e dificilmente a gente conseguiria com recursos públicos de pesquisa financiar atividades desse nível.” Como parte desse suporte está o financiamento de pesquisadores: “Até mais importante do que isso é o financiamento dos nossos próprios pesquisadores. Só com esse projeto, a Petrobras gerou bolsas para mais de 40 bolsistas em todos os níveis, desde alunos nos cursos de graduação aqui da Politécnica até pesquisadores em pós-doutorado. O retorno que a gente tem, do ponto de vista de formação de recursos humanos altamente qualificados, capacitados para futuramente trabalhar com energia eólica, seja no mar, seja na terra”, conclui o professor. 


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