Tecnologia em 3D já é uma realidade possível para reuniões a distância

Projeto Starline do Google possibilita uma visão 3D do interlocutor sem o uso de qualquer tipo de óculos

 14/12/2022 - Publicado há 1 ano
Átomo – Foto: Pixabay / Fotomontagem Jornal da USP
Logo da Rádio USP

Quando se pensa em assistir a um filme em 3D no cinema, o óculos vermelho e azul vem automaticamente à mente. O mesmo vale para jogos que utilizam os óculos de Realidade Virtual para passarem uma ideia de tridimensionalidade. Mas, quando se trata de telepresença, o Google possui o Projeto Starline. Esse sistema consiste na possibilidade de realizar reuniões, chamadas e encontros à distância sem a necessidade de utilizar nenhum aparelho ocular.

“Ele é extremamente realista porque, quando você está olhando para uma tela normal, você percebe que aquela imagem, na verdade, é bidimensional. Mesmo no cinema 3D, você percebe a tridimensionalidade, se você move a cabeça não muda o ângulo pelo qual você vê aquela pessoa, então você continua percebendo que aquilo é artificial. A diferença ao fazer esse sistema é que, se você mover a cabeça, você vê a pessoa por outros ângulos como no mundo real, como se ela de fato estivesse sentada à sua frente. Esse é o grande truque, mas, para fazer isso, precisa de muita tecnologia”, comenta o professor Romero Tori, da Escola Politécnica (Poli) da USP e coordenador do Interlab, o Laboratório de Tecnologias Interativas da Poli.

Tecnologia

Romero Tori – Foto: CEST-USP

“Uma coisa é você fazer um protótipo em laboratório, outra é viabilizar a sua distribuição em grande escala”, diz o professor. Não há informações se o Google deve comercializar o Projeto, porém, é inevitável falar sobre a tecnologia que o compõe. Tori explica o que ele tem de diferente dos sistemas antecessores: “Estereopsia faz com que nós, seres humanos, imaginemos a tridimensionalidade. Eu digo ‘imaginemos’ porque a nossa visão não é tridimensional. Vemos duas imagens bidimensionais e a nossa mente, pelas pequenas diferenças de uma imagem para outra, recria a tridimensionalidade. A grande diferença na tecnologia usada pelo Google é uma tela que não precisa de óculos 3D para você enxergar essa estereopsia. Os pixels da tela, de acordo com a direção que você olha, a luz emitida é diferente pela direcionalidade com a qual foi capturada. Então, você já precisa ter uma captura em 3D. Esse display é chamado de ‘light field display’. Essas duas tecnologias de captura e de exibição são chave para essa possibilidade de se mover e ver a pessoa por outros ângulos como se fosse no mundo real”.

O professor ainda diz que é preciso uma boa técnica de compactação dos dados. Se as imagens 2D já ocupam um grande espaço, capturar a mesma imagem de vários ângulos demandará mais ainda, sobretudo da rede. A tela de apresentação do Starline possui 65 polegadas e uma resolução 8K. Como já apresentado, o diferencial é o efeito holográfico 3D, sem o uso de qualquer tipo de óculos. 

Impacto

“O pós-pandemia é uma quebra de barreiras entre real e virtual, entre distante e próximo. Eu trabalho com educação a distância e falo há bastante tempo da educação sem distância,  em que o foco não é o local onde as pessoas se encontram, mas sim a distância efetiva. Com a tecnologia que está sendo desenvolvida, essa quebra do longe e do perto é facilitada. Eu não uso o termo presencial como estar no mesmo espaço físico, isso já não faz mais sentido. Eu falo em presença física e presença virtual, mas se eu falo apenas em presença significa que a pessoa está presente, independente do espaço”, explica Tori.

Essa tecnologia pode permitir a socialização, impactar na economia 一  como no gasto com transporte, reuniões 一  e ainda proporciona o famoso “olho no olho”, como pontua o professor. Ele ainda acrescenta que, por mais que o toque não seja possível, já existem estudos que visam a elevar ainda mais o patamar de “realidade” da tecnologia utilizada em reuniões à distância.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.