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A transmissão sexual de dengue já foi relatada em uma relação heterossexual. No início deste mês, as autoridades espanholas confirmaram o primeiro contágio resultante do contato sexual entre dois homens. Um deles viajou à Cuba e à República Dominicana, onde contraiu o vírus hospedado em um mosquito Aedes aegypti. Ao voltar à Espanha, onde insetos desse gênero não são registrados, seu parceiro apresentou sintomas da doença.

A médica Vivian Avelino da Silva, supervisora de pesquisa do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina, salienta: “A principal forma de transmissão é pela picada do mosquito”. Segundo ela, o vírus da dengue já foi identificado tanto em sêmen como em secreção vaginal, mas sua resistência nesses meios ainda não foi analisada. “Só de estar presente não indica infecção”, diz ao Jornal da USP no Ar.

A especialista conta que esse tipo de transmissão já é bem descrito no caso da zika. O vírus pode persistir por cerca de três meses em fluidos sexuais, devido à sua afinidade com tecidos reprodutivos. A doença ficou conhecida por causar malformação fetal. Na dengue, esse não é um sintoma registrado, mas Vivian pede cautela de gestantes infectadas. “Há risco de abortamento e baixo peso”, levanta.

Para nenhuma das duas doenças existe medicamento antiviral. Ao apresentar qualquer sinal de infecção, a recomendação é buscar uma clínica para avaliação. Normalmente, as orientações são para manter hidratação e evitar remédios que afinem o sangue, como aspirina. Caso haja complicações, retorne ao hospital para um acompanhamento mais apurado.

Apesar dos baixos riscos, Vivian recomenda o uso de preservativo em qualquer relação sexual, mas, sobretudo, em caso de contaminação por dengue ou zika. Vacina contra dengue está nos estágios finais de desenvolvimento.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.