Pandemia causou impactos na doação de órgãos

Débora Terrabuio diz que houve queda de cerca de 8,4% nas doações e que esse declínio começou a partir da segunda quinzena de março, quando a pandemia de fato chegou ao País

 30/09/2020 - Publicado há 4 anos
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O Jornal da USP no Ar de hoje (30) conversa com Débora Terrabuio, hepatologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, sobre as doações de órgãos em meio à pandemia. Segundo Débora, a pandemia impactou tanto as doações de órgãos como também os transplantes realizados: “Até junho de 2020, nós tínhamos cerca de 40 mil pessoas à espera de um transplante de órgão ou tecido. Houve uma queda nas doações, que atingiram em torno de 8,4% [de pessoas], e essa queda começou a partir da segunda quinzena de março, quando a pandemia de fato chegou ao País. No período de janeiro a julho de 2019, foram realizados 15.827 transplantes, enquanto este ano, no mesmo período, foram realizados apenas 9.952 transplantes”.

No que se trata de transplante de fígado, o terceiro órgão mais demandado no Brasil (rim e córnea ocupam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente), Débora compartilha que não foi afetado de forma significativa, mantendo uma média mensal de cerca de 12 a 15 procedimentos por mês no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP. Para evitar a necessidade de transplante, Débora compartilha que a forma mais eficaz é trabalhar na prevenção, já que a maioria das doenças de fígado são silenciosas, “então, na maioria das vezes, a pessoa descobre [a doença] quando ela tem água na barriga, quando o abdômen aumenta de volume, quando os olhos amarelam, quando ela tem uma hemorragia e vomita sangue ou quando ela tem uma alteração mental de confusão que chamamos de encefalopatia”.

A especialista compartilha que o diagnóstico das doenças hepáticas pode ser suspeitado por médicos generalistas da rede básica de saúde, tal como clínicos e ginecologistas, que devem encaminhar o paciente para atenção especializada. Débora acrescenta ainda que exames de rotina deveriam incluir também as enzimas hepáticas, já que isso permitiria que o diagnóstico fosse feito precocemente, quando os especialistas ainda poderiam atuar sobre a doença de base e diminuir a demanda para transplante.

Diferentemente de outros órgãos, Débora compartilha que a função do fígado não pode ser substituída por uma máquina, tal como a hemodiálise para o rim. Dessa forma, “muitos desses pacientes acabam morrendo durante a espera desse órgão. Para o transplante de fígado, nós temos uma mortalidade em fila que pode chegar a até 30%”. Ainda assim, Débora compartilha que houve avanço na sobrevida de transplantados: “Hoje em dia, a gente costuma ver a rejeição nos primeiros três meses depois do transplante e as drogas que a gente tem são bastante potentes, elas conseguem acabar com essa rejeição, a gente ajusta as doses das medicações e, na maioria das vezes, o paciente fica bem”.

Saiba mais ouvindo a entrevista completa no player acima.


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