As várias cores do hidrogênio na escala da sustentabilidade

Novas formas de produção de energia trazem “jargões” em forma de arco-íris. O que significa cada cor? É o que Pedro Côrtes responde

 Publicado: 19/04/2024
O hidrogênio verde desponta com o maior potencial por ter a energia totalmente renovável como fonte
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A indústria do hidrogênio verde é um mercado em crescimento acelerado. Segundo dados da consultoria LCA, esse nicho pode adicionar R$ 7 trilhões ao PIB do País até 2050. Para falar sobre o assunto, o entrevistado é Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo. Ele diz que o hidrogênio nem sempre é verde – ele pode ser obtido e utilizado de diversas maneiras. Dois exemplos que o professor menciona são o hidrogênio a bordo e o hidrogênio por eletrólise. O primeiro é “produzido a bordo dos veículos por meio de um sistema de células de combustível que converte o hidrogênio e o oxigênio em eletricidade, alimentando um motor elétrico”, afirma ele. O segundo, por meio da eletricidade, “separa as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio. Dessa forma, o oxigênio é liberado na atmosfera e o hidrogênio é utilizado para produção de eletricidade”, adiciona Côrtes.

O significado das cores

As cores são divisões que foram feitas para determinar o processo de obtenção do hidrogênio. São seis tipos diferentes, sendo o cinza historicamente mais comum e utilizado, “é obtido a partir da queima de combustíveis fósseis, principalmente o gás natural, e não é considerado em princípio um combustível sustentável exatamente por conta da emissão de CO2”, explica o professor.

Pedro Luiz Côrtes – Foto: Reprodução/Câmara São Paulo

Subindo a escala da sustentabilidade, temos o hidrogênio azul. Ele também utiliza combustíveis fósseis na produção, mas evita que o carbono se acumule na atmosfera. “Caso esse CO2 seja recuperado, temos o hidrogênio azul, produzido a partir de gás natural com processo de captura e armazenamento desse CO2”, complementa Côrtes.

Outras formas são o hidrogênio rosa, produzido com energia nuclear; o branco, obtido a partir de processos geológicos, como a liberação de gases do magma; e o amarelo, obtido a partir de fontes mistas, que é o que temos em nossas casas, considerando que o Brasil tem tanto fontes renováveis quanto fósseis em sua matriz energética. Todas essas são mais sustentáveis que o cinza.

Por fim, temos o hidrogênio verde, que desponta com o maior potencial por ter a energia totalmente renovável como fonte e não emitir nenhum carbono. Apesar de ainda ser um processo caro, a expectativa é do barateamento e de maior eficiência da produção ao longo do tempo. Para tanto, o Brasil – pelo seu potencial energético e abundância de rios – se posiciona como futura base do hidrogênio verde. De acordo com a LCA, o País deve ter R$ 70 bilhões de superávit ainda nessa década. Para além de 2030, a expectativa é de que os números aumentem ainda mais.


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