Blog

O aumento da incidência de câncer de cólon está relacionado com o também crescimento da capacidade de diagnóstico. Porém, ainda é muito influenciado por fatores ambientais, como o excesso de industrializados, estresse, má alimentação, entre outros. “O nosso organismo é uma máquina complexa, está tudo interligado”, comenta o médico gastroenterologista Alexandre de Sousa Carlos, do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Assim, mesmo que a infecção comece no trato intestinal, os sintomas podem ser sentidos em todo o corpo: “O nosso trato gastrointestinal tem uma particularidade que a gente chama de “segundo cérebro”. Ele tem milhões de neurônios intrínsecos que podem desencadear e produzir substâncias que vão levar ao cérebro sintomas não gastrointestinais”, explica Carlos.

Inflamação intestinal

A microbiota intestinal é composta de diversos microrganismos, cerca de 40 trilhões, e a convivência equilibrada entre eles e o organismo é chamada de eubiose. A ingestão de alimentos e líquidos que, na maioria das vezes, não são totalmente estéreis faz com que a flora intestinal combata os patógenos e evite a contaminação.

O quadro inflamatório evolui a um caso mais grave quando os sintomas passam a ficar cada vez mais fortes, a ponto de haver um comprometimento sistêmico. Segundo Carlos, a queda de vitaminas, anemia, dores abdominais cada vez mais intensas e sangramento no trato gastrointestinal são apenas alguns exemplos de um agravamento da infecção.

Câncer de cólon

O câncer colorretal pode ser detectado por meio de um exame simples que procura por sangue oculto nas fezes, o qual pode ser utilizado como um exame de triagem, e também pela identificação de pólipos, os quais podem ou não ser cancerígenos, pela colonoscopia.

O protocolo coloca que a faixa etária adequada para a realização da colonoscopia, que é um exame mais invasivo, é depois dos 45 anos. Porém, existem casos que exigem um adiantamento: “Tem algum parente que teve câncer de intestino, então a gente precisa ficar de olho nesse paciente, principalmente se o câncer foi numa idade de uma faixa etária mais jovem. São pacientes que, às vezes, precisam até antecipar mais a colonoscopia”, analisa Carlos.

Ele ainda explica que o quadro inicial de câncer deve ser tratado de forma cirúrgica e, dependendo, também com a quimioterapia. Mas, quando já está mais avançado, o ideal é colocar a quimioterapia em primeiro para reduzir a área cancerosa.

Prevenção

“Nós somos o que nós comemos”, brinca Carlos. Mas ele explica que, de certa forma, é isso que ocorre. Para prevenir a inflamação e, consequentemente, um possível agravamento, é necessário mudar alguns hábitos, sobretudo a dieta: “Uma dieta equilibrada, com quantidades de proteínas, de carboidratos e de fibras. O ideal é ingerirmos, pelo menos, 20g a 25 g de fibra por dia. Elas têm inúmeras funções e uma delas é melhorar nossa evacuação intestinal, mas também são alimentos para as bactérias boas do intestino”. A ingestão de água é outro fator essencial.

Além disso, precisa-se evitar cada vez mais alimentos ultraprocessados por conta da existência de aditivos químicos que causam um quadro de desequilíbrio que afeta a flora intestinal de maneira ruim.

Acrescentar exercício físico à rotina também é importante para a prevenção, bem como outros fatores: “Sono adequado, porque distúrbios de sono também podem interferir indiretamente na nossa flora intestinal através da liberação de hormônios. E também você tentar gerenciar o seu estresse. Todo mundo tem, mas precisamos tentar controlar melhor o nosso estresse”, finaliza Carlos.