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O jornal britânico The Guardian baniu de suas páginas a propaganda dos sites de apostas, uma decisão que merece elogios do professor Carlos Eduardo Lins da Silva. O colunista observa que o The Guardian, que sobrevive graças a um fundo mantido há décadas por milionários britânicos, sempre teve uma posição de independência editorial e não sofre pressões de anunciantes. Tal decisão, que implica renúncia da ordem de R$ 3 milhões por ano, foi tomada por livre iniciativa da redação. “É muito arrojada e, até onde eu sei, inédita”, opina Lins da Silva.

No Brasil, por sua vez, anúncios de sites de apostas só crescem, o que, para o colunista, representa um risco para a credibilidade do jornalismo. As casas de apostas (mais de 500 operando no País) investem R$ 3 bilhões por ano em publicidade e patrocinam transmissões de canais esportivos. E o detalhe é que, no Brasil, elas não estão regulamentadas. “No ano de 2023, a previsão é que o faturamento estimado do setor seja de R$ 12 bilhões, e nem um centavo vai ser pago em impostos.”

Mas o mais grave, segundo o professor, é que isso representa um conflito de interesses na cobertura esportiva. “Você passa a ter a potencialidade de duvidar que o comentário de um comentarista esportivo seja isento”, o que Lins da Silva compara a uma espécie de suborno. “As apostas são extremamente deletérias para a sociedade, são deletérias para o esporte, como está se mostrando na CPI das apostas […] e isso pode colocar em dúvida também a credibilidade dos comentaristas, dos locutores de futebol e de outros esportes.” Trata-se de uma questão séria, na opinião do colunista, que acredita ser preciso pressionar o governo para regulamentar as atividades das casas de apostas. Enquanto isso, canais e portais de esportes poderiam seguir o exemplo do The Guardian e passar a recusar esse tipo de anúncio.

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