Nesta edição, Luli Radfahrer comenta o temor que existe por aí de que a inteligência artificial possa ser mais perigosa para o futuro da humanidade do que armas atômicas. Ele admite que a IA tem potencial para gerar alguns problemas e enumera alguns deles, como, por exemplo, o do desemprego, que “vai ser violento e vai ser muito rápido. Tem um monte de profissão que já está na marca do pênalti, e eu não estou falando de profissões simples, estou falando profissões razoavelmente sofisticadas como radiologista, como alguns tipos de advogado”.
A verdade, porém, é que paira no ar um outro tipo de ameaça, ao qual muitos se referem, que é o da superinteligência, um problema que, segundo o colunista, tem muito mais a ver com mitos e crendices do que com a realidade. Trata-se da ideia de uma máquina que possa fazer tudo ao mesmo tempo, ao contrário das que existem hoje, em que cada uma cumpre uma função específica na ordem das coisas: um ChatGPT escreve um texto, um gerador de imagens gera imagens, um GPS ajuda a escolher o melhor caminho do trânsito e assim por diante. O temor passa a ser o de que logo surja uma máquina capaz de reunir em si a capacidade de realizar todas essas funções, uma máquina superinteligente – tal e qual o computador do filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço – e poderosa o suficiente para eliminar o ser humano da face da Terra.
“É, na verdade, um grande pânico, a gente não tem nenhuma evidência de que isso vai acontecer, isso, quando acontece, acontece anunciado, a gente vê sinais antes […] então, eu acho que a inteligência artificial é uma tecnologia que chegou para ficar, ela é transformadora, você tem que aprender a trabalhar com ela; se o seu emprego é um emprego que não envolve muito raciocínio, não envolve muito de você, você pode ser substituído, então, rapidamente a inteligência artificial pode substituir você mesmo que você seja um barista que faz cafés muito criativos, isso rapidamente uma máquina pode substituir. Agora, atribuir à máquina a ideia divina, a ideia de que ela possa ser um Deus do Velho Testamento, que vai acabar com todo mundo, por enquanto é bobagem, e eu acho que vai ser bobagem ainda no próximo século.”
Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.
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