Apesar dos muitos avanços tecnológicos que revolucionaram a vida moderna, a distribuição de serviços e infraestruturas que facilitam a vida nas cidades ainda não é universal. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), lançado em 2017, 4,5 bilhões de pessoas não dispõem de saneamento seguro no mundo.
A falta de banheiros adequados encoraja pessoas a despejar seu esgoto em locais inadequados, espalhando bactérias, vírus e parasitas que podem causar diarreia e cólera.
Para a professora Monica Porto, da Escola Politécnica (Poli) da USP, a dificuldade enfrentada para se universalizar o saneamento básico é grande. No Brasil, “ela é de dois tipos e universalizar o saneamento em todo o País requer um investimento bastante significativo”, explica. Além disso, “nossas áreas urbanas cresceram de forma muito desorganizada e a construção de rede de esgoto em áreas muito desorganizadas é muito difícil”.
Com isso em mente, especialistas estão trabalhando para construir um novo tipo de banheiro, que seja barato o suficiente para estar presente nos lugares mais carentes, e que possa não apenas descartar o lixo, mas também tratá-lo.
A partir de 2011, o empresário Bill Gates lançou o Desafio Reinventar o Banheiro. O concurso estimulou várias equipes a colocarem protótipos em campo. A maioria deles processa o lixo dos esgotos localmente, eliminando a necessidade de grandes quantidades de água para transportá-lo para uma estação de tratamento distante.
De acordo com a professora, esse tipo de tecnologia já tem sido aplicada em locais como a Índia com algum sucesso. “Elas têm uma vantagem grande para áreas rurais, mas encontram dificuldade de investimento.”
Para ela, a ideia é interessante, mas não resolve todos os problemas de locais sem redes de esgoto, que incluem o recolhimento da matéria fecal, ainda que decomposta, e a manutenção dos equipamentos que atuam nessa decomposição. Conforme a especialista, esses novos tipos de banheiros “são soluções boas, mas não são soluções mágicas”.
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