Apesar de o Brasil ter tomado medidas para a integração de refugiados vindos da Venezuela, como a criação de abrigos e acesso aos serviços públicos, há o trabalho de algumas Organizações Não Governamentais (ONGs), que fornecem suportes, como o ensino da língua, auxílio na busca por empregos e até mesmo doações. Mas isso talvez ainda não seja suficiente para que a integração seja satisfatória. É o que mostra um estudo realizado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP pela administradora de empresas Ivy Serena Oliveira Szermeta.
Para realizar seu estudo de mestrado, sob a orientação do professora Ana Carolina de Aguiar, Ivy realizou 30 entrevistas em profundidade, sendo 15 em Boa Vista, Roraima, e outras 15 em São Paulo. “As duas cidades concentram o maior número de solicitações de refúgio de venezuelanos no Brasil”, contou Ivy, na entrevista desta quinta-feira (29) aos Novos Cientistas. “Além disso, são cidades com características completamente diferentes e um dos objetivos do meu estudo foi entender se essa diferença de contexto influenciava no processo de integração”, justificou.
O estudo intitulado O processo de integração dos refugiados na comunidade anfitriã: estudo com migrantes venezuelanos, mostra que há situações mais subjetivas do que as estruturais que acabam prejudicando a integração dos venezuelanos em nosso país. “Boa parte dos entrevistados relataram aspectos como a saudade que eles tinham da cidade natal e o preconceito sofrido por aqui por carregar esse rótulo de ser chamado de refugiado”, revelou a pesquisadora. “Pela pesquisa podemos também perceber que ainda há um alto nível de xenofobia nas frases ‘como você veio roubar meu emprego’ ou ‘por causa de você menos brasileiros são ajudados’. Infelizmente ainda são frases muito comuns que eles escutam “, lamentou Ivy.