Minuto Saúde Mental #76: Inibição comportamental é um estilo de temperamento

Apesar de não ser considerada um transtorno, importa para a saúde mental futura ao ser relacionada com ansiedade generalizada e ansiedade social

 03/08/2023 - Publicado há 9 meses     Atualizado: 26/10/2023 as 14:22
Minuto Saúde Mental - USP
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Minuto Saúde Mental #76: Inibição comportamental é um estilo de temperamento
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Diferentemente da timidez normal, algumas crianças podem apresentar medo de encontrar pessoas novas ou se sentirem muito “travadas” em certas situações. No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa fala sobre inibição comportamental. Segundo o professor, em casos como esse, a retração e a sensibilidade exagerada ao ambiente não passam e atrapalham o contato com os outros, causando preocupação por sua intensidade.

Além disso, Sousa esclarece que os comportamentos normais de avaliação cuidadosa, observados quando as crianças são expostas a situações novas, são importantes para reconhecer a existência de riscos. “Certas crianças parecem ter uma disposição inata, ou seja, que ‘vem de fábrica’, para evitar o contato e permanecer em uma atitude desconfiada e assustada mesmo depois do período que seria necessário para essa avaliação inicial”, afirma. 

Mesmo não tendo uma causa certa para esse tipo de comportamento, pesquisadores informam que a inibição comportamental é uma mistura de genética e fatores ambientais, ocorridos durante o desenvolvimento, como características da educação dada pelos pais, por exemplo. “A inibição comportamental não é considerada um transtorno, mas um estilo de temperamento. Ainda assim, ela é importante para a saúde mental porque parece existir uma associação significativa entre a inibição comportamental e o desenvolvimento de problemas de saúde mental mais tarde na vida, principalmente os transtornos de ansiedade generalizada e ansiedade social.”

Ainda de acordo com a explicação do professor, nesse sentido, grupos de cientistas têm estudado mais o fenômeno e meios de reduzir a inibição quando ela é observada. “Hoje em dia, esses meios incluem principalmente treinamentos cognitivos para ajudar as pessoas a reavaliar as situações que encontram e controlar a atenção e as respostas de medo ou hesitação. Uma notícia positiva é que muitas vezes a inibição comportamental desaparece sozinha conforme a pessoa aprende a lidar melhor com o ambiente e suas reações a ele; portanto, embora seja importante sabermos que isso existe e conhecermos o problema, não é saudável se preocupar excessivamente com ele”, finaliza Sousa. 


Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp

 

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