O escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – o maior nome da literatura alemã, autor do monumental poema trágico Fausto – comparou as fugas de Bach a “tarefas matemáticas iluminadas”, capazes de, a partir de temas tão simples, produzir resultados poéticos tão grandiosos. Para Goethe, a música de Bach é música absoluta no sentido mais verdadeiro. É música em si, que, diferentemente de outras músicas, prescinde de ouvintes, uma arte que existe por si só, que se afasta da teoria convencional dos afetos e não faz quase nenhuma referência às forças emocionais. Música que não se relaciona com um mundo existente, mas constrói o seu próprio mundo independentemente.
É isso o que afirma o Professor Emérito da Universidade de Heildelberg, na Alemanha, Dieter Borchmeyer no seu novo livro, “Ein Strahl zugleich von zwei Sonnen”, “Um Raio de Dois Sóis ao Mesmo Tempo”), que será lançado nas próximas semanas pela Editora Laaber, da Alemanha. “Bach é separado por Goethe do sensitivo espírito do tempo e da subjetividade e efetividade da arte moderna”, escreve Borchmeyer. “Sua música é, para ele, um acontecimento objetivo como um fenômeno natural.”
Esta edição de Manhã com Bach exibe quatro fugas de Bach, como exemplos da música que encantou Goethe: a Fuga em Dó Menor (BWV 575), a Fuga em Sol Menor (BWV 578), a Fuga em Dó Maior (BWV 953) e a Fuga em Si Bemol Maior (BWV 955) – as duas primeiras para órgão e as demais para cravo. O podcast apresenta ainda a cantata Gott soll allein mein Herze haben, “Somente Deus deve ter o meu coração” (BWV 169).