Quando chegou ao Caribe em 1492, Cristóvão Colombo dificilmente poderia imaginar que entraria para a história como um personagem da mudança. Mas um grupo de geógrafos recentemente atualizou uma hipótese que tem tudo a ver com o navegador genovês: a de que a conquista das Américas pelos europeus causou impacto tão grande entre os povos indígenas que acabou por contribuir com o declínio da concentração de CO2 na atmosfera do planeta.
Para calcular esse impacto, o grupo compilou uma enorme quantidade de dados das ciências naturais e das ciências humanas. Os geógrafos estimaram que haveria 60,5 milhões de pessoas vivendo nas Américas antes da chegada dos europeus. Só no primeiro século de colonização, teriam morrido 55 milhões, vitimadas principalmente por doenças vindas do outro lado do Atlântico. Com um número tão alto de mortes entre os indígenas, muitas cidades, aldeias e lavouras ficaram abandonadas e foram tomadas pela floresta. Enquanto isso acontecia, as plantas dessas áreas capturaram um grande volume de CO2 para crescerem.
A reportagem do Ciência USP conversou com o arqueólogo Eduardo Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e o geólogo Cristiano Chiessi, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP para entender de onde vêm os dados que alimentaram as estimativas e perguntar se a conta faz sentido. O artigo original foi publicado na revista Quaternary Science Reviews no começo do ano.
Também neste episódio, falamos sobre um estudo do Instituto de Química da USP que usou um vírus dedo-duro para identificar um tipo de célula responsável por blindar os vasos sanguíneos do cérebro. A pesquisa foi tema de uma reportagem do Jornal da USP.
Ficha técnica
Apresentação e produção: Silvana Salles
Redação: Silvana Salles e Luiza Caires
Edição de som: Rafael Simões
Consultoria científica: João Victor Cabral Costa (IQ-USP)