O Ambiente é o Meio desta semana entrevista Michel Chaves, geógrafo e pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Doutor em Engenharia Agrícola especializado em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas, Chaves denunciou o desmatamento no Cerrado, principalmente, relacionado ao contexto de recuperação econômica pós-pandemia no Brasil.
Durante suas pesquisas, conta Chaves, notou a deterioração da vegetação natural à medida que as áreas agrícolas se expandiram, enquanto monitorava o desenvolvimento agrícola no bioma em projeto de pesquisa para o INPE. O geógrafo argumenta que as funções ambientais, econômicas e sociais do Cerrado são igualmente cruciais em relação à Amazônia e, portanto, demandam uma atenção ampliada.
Chaves observa que o desmatamento no Cerrado é causado principalmente por grandes produtores. Nos últimos anos, cerca de 75% do desmatamento se concentrou no Cinturão Agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região onde atores do agronegócio desempenham um papel significativo. Embora a monocultura possa gerar benefícios imediatos em termos de PIB e números, ele questiona a sustentabilidade a longo prazo.
Por fim, a atual situação econômica do Brasil requer uma política direcionada para a conservação e o fornecimento de recursos ecossistêmicos, afirma, incorporando aspectos ambientais e sociais na gestão do Cerrado. Ele ressalta que o País possui um vasto conjunto de dados e informações, incluindo sensoriamento remoto, cadastros ambientais rurais e imagens de satélite, que podem ser interconectados para melhorar o monitoramento ambiental.
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