USP terá reserva de vagas para alunos de escolas públicas e PPIs

Conselho Universitário aprovou criação do curso de Medicina em Bauru e ampliação do número de vagas destinadas ao Sisu

 04/07/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 19/12/2017 às 10:07
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Na pauta do Conselho estavam a reserva de vagas, a criação de novos cursos e a tabela de vagas para o vestibular 2018 (Foto: Adriana Cruz)

O Conselho Universitário aprovou, em sessão realizada no dia 4 de julho, a reserva de vagas para alunos oriundos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPIs) nos cursos de graduação da Universidade a partir do próximo ano. Esta é a primeira vez que a USP irá adotar uma política institucional de cotas sociais e raciais.

A reserva será feita de forma escalonada a partir do próximo ano: no ingresso de 2018, serão reservadas 37% das vagas de cada Unidade de Ensino e Pesquisa; em 2019, a porcentagem deverá ser de 40% de vagas reservadas de cada curso de graduação; para 2020, a reserva das vagas em cada curso e turno deverá ser de 45%; e no ingresso de 2021 e nos anos subsequentes, a reserva de vagas deverá atingir os 50% por curso e turno.

Um dos destaques ao texto original da proposta aprovado pelos conselheiros é que, na reserva de vagas para os estudantes de escolas públicas, também incidirá o porcentual de 37% de cotas para estudantes autodeclarados PPIs, índice equivalente à proporção desses grupos no Estado de São Paulo verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A reserva de vagas considerará, conjuntamente, os dois processos de seleção da Universidade: o vestibular da Fuvest e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O reitor da USP, Marco Antonio Zago, classificou a decisão do Conselho Universitário como “histórica”. “É emblemático, porque representa uma Universidade, que tem liderança e muita visibilidade no país, assumir que a inclusão social é uma questão importante do ponto de vista de integração de nossa população”, afirmou.

Também deverá ser constituída a Comissão de Acompanhamento da Política de Inclusão da USP, que apoiará a Pró-Reitoria de Graduação na avaliação dos resultados do processo, propondo medidas para atingir as metas estabelecidas e informar ao Conselho Universitário sobre a sustentabilidade orçamentária da Política de Permanência e Formação Estudantil.

Em 2017, a USP registrou recorde no número de ingressantes oriundos de escolas públicas em seus cursos de graduação, que passou de 3.763 (34,6%), no ano passado, para 4.036 estudantes (36,9%) neste ano.

Em junho, a Universidade e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE) assinaram um protocolo de intenções para a criação do programa “Vem pra USP!”. A iniciativa tem como objetivo o desenvolvimento de ações para incentivar o acesso de estudantes da rede pública de ensino aos cursos de graduação da Universidade. Alunos e alunas do 1º, 2º e 3º anos do ensino médio poderão participar do programa, que consistirá em uma competição de conhecimentos.

Sistema de Seleção Unificada (Sisu)

O Conselho Universitário também aprovou a ampliação do número de vagas do próximo concurso vestibular que serão destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Ao todo, em 2018, serão oferecidas 11.147 vagas. Desse total, 8.402 serão reservadas para candidatos aprovados pela seleção da Fuvest e 2.745 para o Sisu, o sistema informatizado gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

As 2.745 vagas reservadas para o Sisu serão distribuídas em três modalidades: 423 serão para ampla concorrência; 1.312 para estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas; e 1.010 para alunos oriundos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI). Em relação ao vestibular de 2017, houve aumento de 407 vagas destinadas ao Sisu.

Neste ano, todas as 42 Unidades de Ensino e Pesquisa da USP disponibilizaram vagas para o Sisu, sendo que três delas aderiram ao sistema pela primeira vez: a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), a Faculdade de Medicina (FM) e o Instituto de Física (IF). Nos links a seguir estão publicadas as tabelas com a distribuição das vagas por área – Humanas, Exatas e Biológicas.

Os bônus do Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp) continuarão a ser oferecidos a alunos oriundos de escolas públicas que se inscreverem na Fuvest. Os bônus do Inclusp incidem sobre a nota da primeira fase e a nota final do Vestibular, podendo chegar a 25%, conforme o grupo no qual o candidato se inserir.

Novo curso de Medicina

O reitor Marco Antonio Zago (o segundo da dir.p/esq.) comemorou a aprovação do curso de Medicina com os dirigentes do campus de Bauru  (Foto: Adriana Cruz)

Outra deliberação do Conselho foi a criação do curso de Medicina no campus da USP em Bauru. O curso, que será oferecido pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) já a partir do próximo vestibular, terá duração de seis anos e oferecerá 60 vagas em período integral. Dessas, 42 vagas serão reservadas para a seleção pela Fuvest e 18 via Sisu, na modalidade destinada a estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas.

Este será o terceiro curso de Medicina da USP, que já é ministrado nos campi de São Paulo e de Ribeirão Preto e, tradicionalmente, se configura como uma das carreiras mais concorridas no vestibular.

Com a criação do novo curso, a USP deverá ceder o prédio do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), conhecido como Centrinho, à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, cabendo à Universidade a gestão acadêmica do Hospital. A cessão deverá ser formalizada por meio de um convênio. O prédio, cuja construção foi concluída em 2012, tem 10 andares e área total de 22 mil metros quadrados. Atualmente, as atividades do HRAC ocupam dois pavimentos, com custo anual à Universidade de mais de R$ 19 milhões.

“Vamos manter as características reconhecidamente de excelência do Centrinho e, ao mesmo tempo, expandir o escopo de atuação do Hospital e de formação de novos profissionais. Hoje, a USP não dispõe de recursos para manter ou ampliar a infraestrutura e o quadro de pessoal do Hospital”, considerou o reitor.

Número de vagas ampliado

O órgão máximo da Universidade aprovou a ampliação do número de vagas em dois cursos já existentes: o Bacharelado em Sistemas de Informação, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), que passou de 40 para 50 vagas; e o Bacharelado em Biblioteconomia, oferecido pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), que passou de 15 para 20 vagas.

Com o novo curso e a ampliação de vagas, a USP oferecerá, em 2018, um total 11.147 vagas – 75 a mais do que o ano passado.

A EACH terá o curso de Biotecnologia a partir de 2018 (Foto: Marcos Santos / USP Imagens)

Também foi aprovada a criação do curso de Bacharelado em Biotecnologia, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que substituirá e abarcará as 60 vagas do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza ministrado no período matutino. O novo curso será oferecido no período diurno. A Licenciatura continuará sendo ministrada no período noturno.

A partir do próximo vestibular, o Bacharelado em Música com habilitação em Instrumento de Sopro, oferecido pela ECA, passará a oferecer a ênfase em Clarone, em soma às outras oito ênfases já oferecidas (Clarinete, Fagote, Flauta, Oboé, Trombone, Trompa, Trompete e Tuba).


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