Universidades paulistas apresentam projetos para o desenvolvimento de tecnologias assistivas

Evento reuniu representantes do governo estadual, Fapesp, empresas e institutos de pesquisa para debater ações e lançar edital conjunto

 14/08/2024 - Publicado há 4 meses     Atualizado: 16/08/2024 às 17:06
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O reitor, homem branco de cabelos grisalhos, vestindo um terno azul escuro, camisa azul clara e gravata bordô, usando óculos, fala com um microfone na mão em um fundo escuro
“As universidades paulistas estão prontas para enfrentar qualquer desafio que seja apresentado pela sociedade visando à melhoria de sua qualidade de vida”, afirmou o reitor da USP e presidente do Cruesp Carlos Gilberto Carlotti Junior – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) promoveram na quarta-feira, 14 de agosto, um workshop de apresentação dos trabalhos dos Centros de Ciência e Desenvolvimento (CCDs) voltados para pessoas com deficiência.

Os CCDs são um programa da Fapesp, lançado em 2019, que busca identificar grandes desafios públicos enfrentados pelo governo e, a partir deles, articular diferentes atores na busca por soluções. Esse processo inclui o trabalho conjunto com diversas secretarias estaduais, que têm o papel de definição de problemas prioritários em suas respectivas áreas, e utiliza o modelo de cofinanciamento, no qual a fundação complementa valores das instituições parceiras, viabilizando estudos que tenham o potencial de promover o avanço no conhecimento e proporcionar a melhoria das políticas públicas. Em sua terceira edição, lançada em 2023, a iniciativa promoveu a constituição de 21 novos centros, com um investimento de R$ 130 milhões, e estendeu a parceria à SEDPcD, para a identificação de demandas na área de inclusão, contemplando quatro CCDs voltados para o desenvolvimento de tecnologias assistivas junto às universidades estaduais paulistas. 

O secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, celebrou: “Este é um momento extremamente marcante na área das tecnologias assistivas e representa um avanço importante no desenvolvimento das políticas públicas, que tem sido um dos principais eixos que a atual gestão tem buscado fortalecer. Esta secretaria tem um papel articulador e o trabalho com as universidades e institutos de pesquisa é fundamental. É uma grande satisfação ver como essas instituições abraçaram a proposta de união em prol da causa da pessoa com deficiência, buscando a efetiva transformação na realidade dessas pessoas”, afirmou. 

Para o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, os resultados deste tipo de trabalho extrapolam o âmbito acadêmico: “Este é o típico jogo do ganha-ganha, pois todos usufruem dos resultados. Falamos tanto sobre a chamada terceira missão das universidades, que é ligada à aproximação com a sociedade, e sobre como os institutos de pesquisa precisam estar próximos das universidades, mas não podemos esquecer que o Estado também precisa estar envolvido nessa interação. Neste caso, o que vemos hoje é um cenário onde o poder público levanta os problemas, a Fapesp financia os custos por meio de editais e os grupos de pesquisa apresentam as soluções. Ou seja, ciência, tecnologia e inovação a favor das políticas públicas”, comentou. 

Marco Antonio Zago, homem branco, cabelos brancos, vestindo um terno escuro, está de pé em um púlpito, falando ao microfone. Atrás, bandeiras do Estado de São Paulo e do Brasil. Ao seu lado esquerdo, mesa com 5 pessoas ouvindo. Cabeças de pessoas de costas na plateia aparecem ao pé da foto
O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, ressaltou a importância do evento para estimular mais pesquisadores e celebrou o envolvimento de governo, universidades e empresas na causa da inclusão de pessoas com deficiência – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, traçou um panorama do sistema paulista de ciência e tecnologia e apresentou o programa dos CCDs. “O Estado de São Paulo é forte na área científica devido a um sistema robusto de instituições. Em 2023, revertemos uma tendência de queda de projetos apoiados que havia ocorrido durante a pandemia e investimos R$ 1,36 bilhões em 23 mil projetos, sendo cerca de 10 mil deles novos, o que incentiva o avanço do conhecimento, a inovação e o estudo de temas estratégicos, além de apoiar a infraestrutura, a difusão da pesquisa e o mapeamento da ciência produzida”, destacou.  

Segundo Zago, o momento é de comemoração: “Ao ressaltar o sucesso desta iniciativa, estamos dando um exemplo e gerando repercussão para trazer ainda mais propostas e parceiros. Trata-se de um trabalho que vai além da academia e do governo; envolve também empresas e sociedade civil e aponta nichos comerciais, financeiros e um lado social importantíssimo”. 

As universidades paulistas foram representadas no encontro pelo reitor da USP e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), Carlos Gilberto Carlotti Junior, que falou sobre a importância da atuação conjunta entre governo, Fapesp, universidades e entidades da sociedade civil, como empresas e organizações. “Ninguém resolve um problema sozinho, e esta metodologia de trabalho conjunto é a mais promissora para resultados efetivos. As universidades paulistas estão prontas para enfrentar qualquer desafio que seja apresentado pela sociedade visando à melhoria de sua qualidade de vida. Estamos comprometidos com a solução de problemas e com a inclusão de toda a população.”

Particularmente em relação à USP, Carlotti mencionou algumas ações mais recentes na área da acessibilidade, como a contratação de novos professores de Língua Brasileira de Sinais (Libras); a reformulação dos sites institucionais para adoção de ferramentas de inclusão; e a reforma do Museu do Ipiranga, que se destacou pela adoção, de forma muito ampla, de ferramentas de acessibilidade nos projetos expositivo e educativo. 

Mesa de auditório com um homem em pé, vestindo terno cinza e gravata amarela, segurando microfone. Ao seu lado direito, dois homens e uma mulher, e ao seu lado esquerdo, um homem, todos assisindo à explanação.
Os novos Centros de Ciência e Desenvolvimento (CCDs), voltados para pessoas com deficiência, foram apresentados no workshop. Em pé, o coordenador do Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária (Tecvida), Arturo Forner-Cordero, da Escola Politécnica – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

Liderado pela USP, o Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária (Tecvida), sediado na Escola Politécnica (Poli) sob coordenação do professor Arturo Forner-Cordero, irá desenvolver, em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), tecnologias avançadas, como exoesqueletos e cadeiras de rodas motorizadas, para promover soluções que restaurem a capacidade de mobilidade e de realização de atividades cotidianas. O objetivo é gerar produtos assistivos modulares com custo mais baixo para o sistema de saúde. Um exemplo são as cadeiras de rodas modulares que permitem ajustes para acompanhar o crescimento de uma criança, além de se adaptar a vários modos de uso: ar livre, ambientes fechados ou atividades esportivas, de acordo com as necessidades de cada pessoa.

O Tecvida também vai atuar junto a diversos grupos de pesquisa para promover coletas de dados e os estudos da evolução de pacientes. Os outros três CCDs, que têm Unesp e Unicamp como sedes, também contam com a participação da USP como instituição associada. 

Na Unesp, o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida desenvolverá e validará produtos, metodologias e serviços para promover a funcionalidade voltada às pessoas com deficiência. Atuará na formação de multiplicadores e alinhará suas pesquisas com as estratégias da SEDPcD, focando em novas tecnologias, redução de custos e acessibilidade, incluindo estudos em inteligência artificial (IA) e materiais pedagógicos para neurodivergentes.

O Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras, sediado na Unicamp, utilizará IA para a quebra de barreiras de comunicação. Ainda na mesma Universidade, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva para a Educação Bilíngue de Surdos visa desenvolver materiais didáticos acessíveis para o ensino de português a estudantes surdos, adotando uma abordagem bilíngue. O trabalho inclui pesquisa, análise de documentos, produção de materiais e formação de profissionais, em parceria com a secretaria de Educação de Campinas.

Edital conjunto

Dois homens, uma mulher e mais dois homens, seguram uma pasta com um documento que assinaram, em um palco.
(Da esq. p/ dir.) Marcos da Costa, da SEDPcD; Carlos Gilberto Carlotti Junior, da USP; Ana Maria Frattini Fileti, da Unicamp; Pasqual Barretti, da Unesp; Vahan Agopyan, da SCTI; e Ignácio Maria Poveda Velasco, da SEDPcD, na assinatura do edital conjunto para o desenvolvimento de tecnologias assistivas – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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Durante o evento também ocorreu a assinatura do edital conjunto de pesquisas em tecnologia assistivas para pessoas com deficiência, lançado pela USP, Unesp e Unicamp.

A iniciativa é inédita e oferece um apoio financeiro que varia de R$ 100 mil a R$ 500 mil, por um período de dois anos. O edital visa promover colaborações interinstitucionais, com projetos envolvendo pelo menos dois docentes da USP e dois pesquisadores de outras instituições. As propostas podem abranger diversas áreas, desde acessibilidade digital até suportes para autonomia e reabilitação.

No ato da assinatura, o reitor da USP comentou o significado da iniciativa: “Este edital mostra a vontade e o apoio político das universidades para esta causa. Vamos trabalhar juntos para cumprir os objetivos da Universidade de gerar conhecimento e transferi-lo rapidamente para a sociedade”. 


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