Cinema da USP apresenta filmes de mistério para todos os gostos

Até 21 de abril, mostra “Rastros de Mistério” exibe 17 longas relacionados com histórias de investigação

 Publicado: 03/04/2024
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Fotomontagem com cenas de filmes da mostra Rastros de Mistério, do Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp) – Fotos: Divulgação/Cinusp

 

A nova mostra de filmes do Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp), Rastros de Mistério, traz 17 longas repletos de suspense e incógnitas. A curadoria preparou uma grande diversidade de narrativas, de comédias a suspenses tensos, de obras recentes a clássicos antigos, de ícones da cultura pop a histórias pouco conhecidas ou de outros países. Iniciada no dia 1º, a mostra ocorre até 21 de abril, nas unidades do Cinusp na Cidade Universitária e no Centro MariAntonia.

Por meio de diferentes protagonistas e casos, exploram-se as diferentes facetas do gênero no cinema. “É uma degustação do mistério”, pontua o curador e estudante de Audiovisual da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP Filipe Oliveira. “Nem todos os personagens são detetives ‘oficiais’, mas eles bancam o detetive. Acaba sendo realmente um foco no processo investigativo.”

A curadora Clara Barra – Foto: Linkedin

O mistério é um dos gêneros mais clássicos do audiovisual. Ele gira em torno de um problema ou crime, como um roubo, assassinato ou desaparecimento. O espectador acompanha o protagonista solucionando a questão por meio de pistas, inquéritos e deduções. Mas desde as primeiras produções esse tipo de filme se transforma, o que enriquece e atualiza o mistério no contemporâneo.

Representações icônicas – como o estilo noir, popularizado em meados do século 20 – são inspirações até os dias atuais. Muitos filmes de mistério referenciam outras produções do gênero, tanto visual quanto tematicamente. Guilherme Guedes, também curador do Cinusp e aluno de Audiovisual da ECA, explica que filmes como Clue (1985), Detetive (1985) e Chinatown (1974) brincam com as convenções do gênero. Clue proporciona uma comédia satírica, Detetive analisa a linguagem e Chinatown faz uma releitura.

A ficção sobre o mistério precede o cinema. Originada no mundo literário, floresceu com autores como Agatha Christie, Hercule Poirot (presente no longa Assassinato no Expresso Oriente, 1974), e Arthur Conan Doyle, com Sherlock Holmes. Os livros contam com dedução inteligente, um trabalho muito mental. Clara Barra, outra curadora do Cinusp e também estudante de Audiovisual da ECA, explica o desafio: como transpor a arte da dedução, uma atividade verborrágica, para uma mídia visual? “Por isso se inclui a violência física, o romance e outras coisas visualmente interessantes”, afirma. “O filme passa a ser uma coisa exposta, e não mais imaginada.”

O espectador é frequentemente colocado no mesmo papel do investigador: o de olhar, procurar algo fora do comum, uma pista dentro da narrativa. A mostra contém vários protagonistas detetives, como ocorre em A Cura (1997), Laura (1944), Fuga do Passado (1947), Parceiros da Noite (1980) e outros. O apelo dessa personalidade emblemática perpassa gerações. Para Filipe Oliveira, o que prende é o fato de que o espectador está resolvendo o enigma com o investigador. “Tem casos em que a quantidade de informações que o espectador tem nem sempre é a mesma do personagem”, pontua. “Mas, em geral, se o espectador sabe mais que ele, torcemos para que ele resolva. Se sabemos tanto quanto ele, estamos tentando resolver juntos. É como uma parceria.”

Cena do filme Os Suspeitos – Foto: Divulgação/Cinusp

O sucesso de filmes protagonizados por detetives acabou criando uma aura atribuída a eles. No noir, é um homem de sobretudo, com um chapéu, e sempre fumando. Já Sherlock Holmes inspira no imaginário um britânico polido, portando uma lupa. “Tentamos trazer um escopo temporal para pensarmos como essas histórias foram tratadas pelo cinema em momentos diferentes”, explica Clara. A Cura, aponta ela, é um filme japonês feito décadas após o sucesso dos noirs, mas, novamente, o detetive usa o “uniforme” estipulado pelo gênero, o sobretudo. “São coisas que não necessariamente batem com o real. Mas ainda assim se vê em outros lugares do mundo como reverbera aquele signo visual que o cinema criou.”

Na mostra também há filmes protagonizados por personagens que não são detetives, mas que acabam se envolvendo em uma investigação. Podem ter presenciado algo acidentalmente, como em Blow Out (1981) e Blow-Up (1966), ou ser um autor ou jornalista que passa dos limites, como os personagens de O Pássaro das Plumas de Cristal (1970), O Segredo dos seus Olhos (2009) ou A Próxima Vítima (1983).

Cena de filme Clue – Foto: Divulgação/Cinusp

A mostra possibilita que filmes não populares, antigos ou de outros países sejam assistidos. A curadoria buscou trazer obras que levam o espectador a pensar. “Possibilitamos que as pessoas conheçam coisas novas numa sala de cinema”, diz Clara Barra. “Posicionamos os filmes dentro de uma constelação maior.”

A mostra de filmes Rastros de Mistério, do Cinema Paulo Emilio da USP (Cinusp), está em cartaz até 21 de abril, de segunda a sexta-feira, às 16h e às 19h, sábados e domingos, às 16h e às 18h, no Centro Cultural Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária) e no Centro MariAntonia (Rua Maria Antônia, 294, Vila Buarque, Centro). Entrada grátis. A programação completa da mostra, locais e horários dos filmes estão disponíveis no site do Cinusp


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