Cátedra lança manifesto contra mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips

Aberto a adesões, documento foi elaborado por integrantes da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica da USP

 11/07/2022 - Publicado há 2 anos
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados em 5 de junho passado – Fotos: Flickr e Reprodução/Twitter

 

No final de junho passado, a Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica da USP lançou o Manifesto das Cátedras pela Natureza, pela Vida e pela Humanidade. Redigido por integrantes e colaboradores daquela cátedra, o documento é uma reação indignada contra o assassinato, em 5 de junho, do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dominic Phillips. Disponível neste link, o Manifesto está aberto para receber a adesão de instituições (neste link) e de pessoas físicas (neste link).

“Este Manifesto se pronuncia a favor da natureza, da vida e da humanidade, tendo como farol e foco a educação de homens e mulheres, neste Brasil sofrido, castigado por uma história cruel e um presente vergonhoso”, afirma o documento. “Aprendemos na Universidade que a barbárie só pode ser vencida pelo conhecimento, pelas ciências, pelas artes, pelo diálogo amoroso e pela constante luta política contra obscurantismos, racismos, intolerâncias, autoritarismos e fundamentalismos. Não há causa mais relevante e urgente pela qual lutar que esta. Sejamos todos/as ativistas, antirracistas, antifascistas, cientistas, humanistas, indigenistas e jornalistas.”

De acordo com o texto, o assassinato de Bruno e Dom chama a atenção do mundo para a barbárie destruidora do atual governo do Brasil para com o País e sua floresta. “Pessoas foram cruelmente mortas, esquartejadas, seus cadáveres ocultados, porém as discussões são paralisadas e desviadas para temas do entorno. Nenhuma justificativa para um homicídio é aceitável, à exceção única e exclusiva para autodefesa ou defesa da vida humana. Porém, um dos debates sobre essas mortes que está permeando a opinião pública se restringe à soberania do País. No caso específico da região amazônica, criou-se uma cortina de fumaça que visa a obscurecer a realidade dos subterrâneos criminal e político, o roubo, a corrupção, a depredação, a extração ilegal, a caça e pesca predatória por grupos à margem da lei. A soberania sobre a região amazônica deixou de ser da nação brasileira há bastante tempo, haja vista a atuação dominante de grupos e organizações criminosas.”

“É desolador constatar que as noções fundamentais de civilidade, civilização e cidadania se perdem numa trágica disputa ideológica que não respeita a sociedade e seus valores”, acrescenta o Manifesto. “Como toda verdadeira amizade, a de Bruno e Dom com os povos do Vale do Javari envolvia valores humanos comuns e o intercâmbio de sabedorias. Não podemos permitir que esse diálogo se interrompa, o que significa formar, proteger, promover e apoiar quem dará continuidade a essa luta, combatendo um governo cuja brutalidade envergonha a nós e ao mundo.”

Mais de 30 instituições já assinaram o Manifesto das Cátedras pela Natureza, pela Vida e pela Humanidade, entre elas a Cátedra Aloísio Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília (UnB), e o Instituto Mercosul de Estudos Avançados, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Leia a íntegra do Manifesto das Cátedras pela Natureza, pela Vida e pela Humanidade neste link (clique aqui).


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