Artistas paraguaias apresentam a ancestralidade da arte do barro

Com curadoria da professora da USP Aracy Amaral, ceramistas expõem as memórias de uma cultura pré-colombiana

 14/09/2017 - Publicado há 7 anos
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Ediltrudes Noguera surpreende pelos detalhes – Foto: Divulgação

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Julia Isídrez e as irmãs Ediltrudis Noguera e Carolina Noguera estão em São Paulo com uma exposição que resgata as memórias e os sonhos da cultura pré-colombiana. Com a curadoria de Aracy Amaral, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, as três artistas guaranis autodidatas trazem a tradição e a ancestralidade da arte da cerâmica. A mostra Das Mãos e do Barro reúne 114 obras nos espaços da Galeria e Anexo Millan, em São Paulo.

Julia nasceu em Itá, Ediltrudis e Carolina são de Tobati, no Paraguai. Duas cidades reconhecidas pela produção da cerâmica guarani e que estão localizadas a 35 e 63 quilômetros de Assunção, respectivamente. “São artesãs que laboram diuturnamente, tendo aprendido com suas mães, que aprenderam com suas mães, e estas com suas mães, em cadeia que vem quase desde o período colonial até nossos dias. A mulher amassa o barro úmido, o homem trabalha na cestaria ou na marcenaria”, explica Aracy..

Carolina Noguera: obras que se destacam pela força expressiva – Foto: Divulgação
Práticas ceramistas, uma das manifestações da arte paraguaia – Foto: Divulgação

.O cocurador Osvaldo Salerno, diretor do Museu do Barro, de Assunção, observa que as práticas ceramistas constituem uma das manifestações mais significativas da arte popular do Paraguai. “Elas continuam a tradição indígena e se transformam para adaptar-se aos desafios que surgem com as mudanças sucessivas, propostas ou impostas pela colonização, período colonial, modernidade e globalização.”

Salerno explica que as três ceramistas vivem e trabalham naquelas localidades. “Elas mantêm os sinais de uma tradição compartilhada, mas desenvolvem suas produções motivadas por circunstâncias diferentes e impulsionadas pelo talento pessoal e pelo mundo próprio de cada uma.”

Julia Isídrez, Ediltrudis Noguera e Carolina Noguera vêm se apresentando em importantes exposições na América Latina e Europa, como a Documenta, de Kassel, na Alemanha. Das Mãos e do Barro apresenta obras que se destacam pela força expressiva. “São obras que traduzem a transformação do utilitário frente ao fenômeno da contaminação globalizante em uma arte que se faz presente hoje, não apenas em exposições locais e no Museu do Barro, de Assunção, como em eventos internacionais e mostras em diversos países”, observa Aracy Amaral.
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A exposição Das Mãos e do Barro, das artistas Julia Isídrez, Ediltrudis Noguera e Carolina Noguera, com curadoria de Aracy Amaral e Osvaldo Salerno, está em cartaqz até 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 10 às 19 horas, e aos sábados, das 11 às 18 horas, na Galeria e Anexo Millan (Rua Fradique Coutinho, 1.360 a 1.416, Vila Madalena, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3031-6007.


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