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Alegria de Jair Rodrigues é celebrada em documentário
Com direção de Rubens Rewald, filme aborda a vida e a obra de um dos grandes intérpretes da música brasileira
Texto: Adrielly Kilryann
Arte: Joyce Tenório
Está em cartaz Jair Rodrigues: Deixa que Digam (2023), documentário que relembra a trajetória do cantor Jair Rodrigues (1939-2014), conhecido pelo bom-humor e sucessos como Deixa Isso Pra Lá e Disparada. A direção é de Rubens Rewald, professor e chefe do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. “Eu quis fazer um filme bem popular, que tivesse a cara, o espírito e a dinâmica do Jair Rodrigues”, explica o diretor. Em 2022, a obra ganhou o prêmio de Melhor Filme pelo voto do público no Brazilian Film Festival, em Chicago, nos Estados Unidos.
Com duração de 1 hora e 38 minutos, o documentário conta com uma série de imagens e entrevistas de pessoas que marcaram e que tiveram suas vidas marcadas por Jair Rodrigues. Dentre elas estão Roberta Miranda, Theo de Barros, Rappin’ Hood, Armando Pittigliani e Raul Gil. Claudine Rodrigues, viúva do cantor, o irmão Jairo Oliveira e os filhos Luciana Mello e Jair Oliveira (que encena o pai nas cenas de dramatização) são alguns dos integrantes da família que participam do filme.
Nascido em 1939 na cidade de Igarapava, no interior paulista, Jair Rodrigues lançou em 1963 o seu primeiro disco, intitulado O Samba Como Ele É, em que interpretou O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Dois anos depois, venceu o 2º Concurso de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, com Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, o que o tornou conhecido nacionalmente. De 1963 até 2014, ano da sua morte e de seus dois últimos lançamentos – os volumes 1 e 2 de Samba Mesmo -, ele lançou 47 álbuns. É considerado o primeiro rapper brasileiro por ter gravado, em 1964, no disco Vou de Samba com Você, a canção Deixa Isso Pra Lá, que inclui versos declamados, como estes:
Um chamado para filmar
Rewald conheceu Jair Rodrigues em 2012, quando dirigiu o longa-metragem ficcional Super Nada (2013). Nele, o cantor interpretou Zeca, um comediante de TV reconhecido que, apesar disso, enfrenta uma carreira em decadência. “Quando o convidei para participar, eu não tinha muita expectativa de que ele aceitaria. Era o meu segundo filme, de baixo orçamento, e o Jair já era um artista consagrado. Para minha surpresa, ele aceitou”, relembra Rewald. A atuação rendeu ao cantor o prêmio de Homenagem Especial do Júri, na premiação do Festival do Rio 2012 Novos Rumos.
Em um evento após o lançamento do DVD de Super Nada, surgiu a proposta de realizar um filme biográfico de Jair Rodrigues. A ideia veio do próprio artista, e Rewald prontamente a aceitou: “Senti como se fosse um chamado”. Os dois então combinaram se encontrar duas semanas após a conversa para dar início ao projeto, mas antes disso, no dia 8 de maio de 2014, Jair Rodrigues morreu, aos 75 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
No entanto, com o apoio da família de Rodrigues, Rewald decidiu continuar com o projeto. Jair Rodrigues: Deixa que Digam é o terceiro documentário sob sua direção (Esperando Telê, de 2010, e Intervenção – Amor Não Quer Dizer Grande Coisa, de 2017, são suas outras produções documentais, descritas como “experimentais” pelo próprio diretor). A obra teve o desenvolvimento afetado pelas consequências da pandemia e da paralisação nas atividades da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
O filme tem distribuição no Brasil pela Elo Studios, e foi produzido pela Confeitaria de Cinema, produtora formada por profissionais que se conheceram na ECA, na década de 1990. A produção é de Rodolfo Castilho Moreno, ex-aluno do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, que também escreveu o roteiro, com Rewald. A edição de som é de João Godoy, professor daquele departamento.
Assista no link abaixo ao trailer do filme Jair Rodrigues: Deixa que Digam, de Rubens Rewald.
O documentário Jair Rodrigues: Deixa que Digam está em cartaz nos cinemas Petra Belas Artes (Rua da Consolação, 2.423, Consolação, em São Paulo), Reserva Cultural São Paulo (Avenida Paulista, 900, Bela Vista, São Paulo) e Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo), com sessões diárias às 16h45, 13h10 e 20 horas, respectivamente. Os ingressos podem ser adquiridos on-line (neste link) e nas bilheterias.
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