Ultrassonografia pulmonar: ferramenta de prognóstico essencial na luta contra a pandemia

Estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP contou com 355 pacientes e mostrou que a ferramenta era o melhor caminho para prever quais pacientes podiam ter um quadro mais grave em menos tempo

 02/02/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 14/06/2024 as 17:15

 

Logo da Rádio USP
Estudo da Faculdade de Medicina da USP escolheu a ultrassonografia pulmonar como foco no prognóstico de infectados pela covid-19 – Foto: 123RF

 

No início da pandemia, os prontos-socorros dos hospitais brasileiros foram sobrecarregados com pacientes, situação que mostrou a escassez de recursos existentes na maioria dos locais. Para avaliar a gravidade dos pacientes, e até para estabelecer as prioridades no atendimento, os exames de imagem se mostraram essenciais para o diagnóstico preciso de problemas pulmonares apresentados pelos pacientes que contraíram o vírus. Nesse sentido, um estudo da Faculdade de Medicina da USP com 355 pacientes escolheu a ultrassonografia pulmonar como foco no prognóstico de infectados pela covid-19.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Julio Cesar Garcia de Alencar, médico do pronto-socorro de Clínica Médica do Hospital das Clínicas e primeiro autor do estudo, comenta que, “quando a covid-19 começou em São Paulo, faltava ainda um pouco de conhecimento sobre a evolução clínica do vírus”. Ele explica que, naquele momento, muitas perguntas ainda rondavam a mente dos profissionais: que paciente poderia ficar mais grave? Qual paciente seria preciso internar? Qual paciente deveria ser internado na enfermaria ou na UTI? Qual paciente poderia ir para casa?

+ Mais

Aplicativo que analisa radiografia evolui e identifica outras doenças além da covid-19

Aplicativo criado na USP faz o diagnóstico da covid-19 a partir de radiografia do pulmão

Alencar detalha que, a partir desses questionamentos, a equipe começou a estudar métodos de imagem para ajudar nessa tomada de decisão. “Precisávamos de uma ferramenta à beira-leito, que fosse fácil, reprodutível, e que pudéssemos à beira-leito, junto com o nosso paciente, avaliar o grau de acometimento do pulmão pela doença e pudéssemos prognosticar, dizer quais eram as chances desse paciente piorar”, detalha o doutor. Com isso, veio a decisão da equipe de usar a ultrassonografia pulmonar como ferramenta de prognóstico.

Atualmente, o Hospital das Clínicas avalia o pulmão dos pacientes com covid-19 em 12 imagens e, a partir disso, cada imagem recebe uma pontuação de zero a três pontos com relação ao grau de acometimento, sendo zero um pulmão normal e três pontos um pulmão acometido. Dessa forma, a pontuação máxima é de 36 pontos por paciente. Quanto maior for a pontuação, maior a chance desse paciente evoluir de forma desfavorável durante os próximos dias. A ultrassonografia ajuda os profissionais de saúde a prever quais pacientes podem ter um quadro mais grave em dias próximos, e assim decidir qual pessoa precisa usar os leitos disponíveis de um hospital de forma mais rápida.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.