Ultrassonografia pulmonar: ferramenta de prognóstico essencial na luta contra a pandemia

Estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP contou com 355 pacientes e mostrou que a ferramenta era o melhor caminho para prever quais pacientes podiam ter um quadro mais grave em menos tempo

 02/02/2021 - Publicado há 3 anos

 

Logo da Rádio USP
Estudo da Faculdade de Medicina da USP escolheu a ultrassonografia pulmonar como foco no prognóstico de infectados pela covid-19 – Foto: 123RF

 

No início da pandemia, os prontos-socorros dos hospitais brasileiros foram sobrecarregados com pacientes, situação que mostrou a escassez de recursos existentes na maioria dos locais. Para avaliar a gravidade dos pacientes, e até para estabelecer as prioridades no atendimento, os exames de imagem se mostraram essenciais para o diagnóstico preciso de problemas pulmonares apresentados pelos pacientes que contraíram o vírus. Nesse sentido, um estudo da Faculdade de Medicina da USP com 355 pacientes escolheu a ultrassonografia pulmonar como foco no prognóstico de infectados pela covid-19.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Julio Cesar Garcia de Alencar, médico do pronto-socorro de Clínica Médica do Hospital das Clínicas e primeiro autor do estudo, comenta que, “quando a covid-19 começou em São Paulo, faltava ainda um pouco de conhecimento sobre a evolução clínica do vírus”. Ele explica que, naquele momento, muitas perguntas ainda rondavam a mente dos profissionais: que paciente poderia ficar mais grave? Qual paciente seria preciso internar? Qual paciente deveria ser internado na enfermaria ou na UTI? Qual paciente poderia ir para casa?

+ Mais

Aplicativo que analisa radiografia evolui e identifica outras doenças além da covid-19

Aplicativo criado na USP faz o diagnóstico da covid-19 a partir de radiografia do pulmão

Alencar detalha que, a partir desses questionamentos, a equipe começou a estudar métodos de imagem para ajudar nessa tomada de decisão. “Precisávamos de uma ferramenta à beira-leito, que fosse fácil, reprodutível, e que pudéssemos à beira-leito, junto com o nosso paciente, avaliar o grau de acometimento do pulmão pela doença e pudéssemos prognosticar, dizer quais eram as chances desse paciente piorar”, detalha o doutor. Com isso, veio a decisão da equipe de usar a ultrassonografia pulmonar como ferramenta de prognóstico.

Atualmente, o Hospital das Clínicas avalia o pulmão dos pacientes com covid-19 em 12 imagens e, a partir disso, cada imagem recebe uma pontuação de zero a três pontos com relação ao grau de acometimento, sendo zero um pulmão normal e três pontos um pulmão acometido. Dessa forma, a pontuação máxima é de 36 pontos por paciente. Quanto maior for a pontuação, maior a chance desse paciente evoluir de forma desfavorável durante os próximos dias. A ultrassonografia ajuda os profissionais de saúde a prever quais pacientes podem ter um quadro mais grave em dias próximos, e assim decidir qual pessoa precisa usar os leitos disponíveis de um hospital de forma mais rápida.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.