“Jornal da USP” acompanha expedição de biólogos na região dos Lagos Chilenos

Projeto relaciona dados específicos sobre a fauna de insetos do Sul do Chile a perguntas mais gerais sobre a evolução biológica

 22/11/2022 - Publicado há 2 anos
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Vulcão Osorno, um dos locais de coleta da expedição que vai investigar a biodiversidade de insetos na região de Los Lagos, no Chile – Foto: Wikimedia Commons

Na quarta-feira (23), a jornalista Luiza Caires, editora de Ciências, e a fotógrafa Cecília Bastos, ambas do Jornal da USP, embarcam para Osorno, no Chile, onde serão recebidas por uma equipe de pesquisadores brasileiros que realiza trabalho de campo no Parque Nacional de Puyehue para estudar a evolução da biodiversidade de insetos.

Puyehuemyia chandleri, uma das espécies já descritas pelos pesquisadores a partir de viagem anterior ao Chile – Foto: Artigo no periódico American Museum novitates

A viagem deve originar uma reportagem especial abordando o projeto científico em si – como os dados específicos sobre a fauna de insetos do Sul do Chile se conectam a perguntas mais gerais sobre a evolução biológica -, mas também como esse conhecimento se estende ao público em geral como saberes de biodiversidade.

Segundo Dalton de Souza Amorim, entomólogo que lidera a expedição, o Sul do Chile contém floresta chuvosa temperada, chamada Floresta Valdiviana, abrigada na parte sul da América do Sul, onde se iniciou a formação dos Andes. Essa parte do território esteve ligada à Antártida, Austrália e à Nova Zelândia (o Sul da Gondwana) e há elementos da fauna compartilhados entre esses dois continentes. “O local, o Parque Nacional Puyehue, criado na década de 1940, é um bom exemplo da possibilidade de uma interação segura e harmoniosa entre o ser humano, o conhecimento biológico pela ciência, a proteção de ambientes naturais e a atividade turística”, diz o professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Armadilha para coleta de insetos no Parque Nacional de Puyehue – Foto: Cedida pelo pesquisador Dalton Amorim

 

Ao longo do período no parque, além de trabalho no campo, recolhendo amostras com armadilhas especializadas e coletando com rede entomológica em locais que vão da beira de rio e lagos ao entorno de um vulcão, há trabalho de laboratório, já processando as amostras.

Com a pandemia, as armadilhas de coleta que já haviam sido colocadas acabaram ficando ativas por um ano e meio, com um intervalo de seis meses sem haver quem recolhesse o material. “Voltamos ao parque em junho de 2022 para recolocar as armadilhas, para amostrar o período do inverno e da primavera. E agora voltamos em novembro para processar e trazer o material, e realizar um esforço intensivo com novas técnicas de coleta, já com uma equipe maior e para colocar em prática uma atividade de extensão universitária em colaboração com a administração do parque”, conta o professor da FFCLRP.

Parte do material já coletado na expedição – Foto: Cedida pelo pesquisador Dalton Amorim

 

Para ele, muito da qualidade do projeto é resultado da maneira como foi construída a interface com pesquisadores do Chile e as equipes do parque, “como um trabalho real de cooperação – ao invés de uma posição colonialista ou extrativista”, diz. “Demos palestra para os guarda-parques, palestra em escola, falamos com a imprensa, colaboramos com os entomólogos locais; parte do material volta para o Museu Nacional de História Natural e a parte mais importante do material será retornada ao Chile”, relata.

A expedição ocorre de 10 de novembro a 1º de dezembro. Além de Dalton Amorim, participam do projeto em campo Vera Cristina Silva (Universidade Estadual Paulista – Unesp), José Albertino Rafael (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa) e Christian González (Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación, do Chile). A equipe que vai trabalhar com o material é extensa e inclui algumas dezenas de pesquisadores, destacando-se Angelica Penteado-Dias (Universidade Federal de São Carlos – UFSCar), Marcelo Tavares (Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes) e Brian V. Brown (Los Angeles Natural History Museum).


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