O veneno da cascavel contém uma proteína chamada crotoxina, que há muitas décadas desafia a ciência. Desde 1938, os pesquisadores têm dificuldade para entender seu mecanismo de ação. Mas um artigo publicado em março na Scientific Reports, uma publicação do grupo Nature, pode ter dado um grande passo para explicar como ela funciona. Assinado por cientistas brasileiros, o trabalho traz uma nova descrição da estrutura da molécula da crotoxina.
A principal novidade do artigo é que a estrutura proposta é da molécula de crotoxina em uma solução líquida – e não em forma de cristal, que é como os cientistas costumam estudar as proteínas. Para chegar ao resultado, os pesquisadores combinaram dados da cristalografia da proteína com informações obtidas em experimentos com a molécula em solução. Por meio de uma técnica chamada espalhamento de raio-X a baixo ângulo, cujos experimentos foram feitos no Instituto de Física da USP, foi possível modelar partes da crotoxina que nunca haviam sido vistas.
A crotoxina é a principal toxina que compõe o veneno da Crotalus durissus terrificus, espécie de cascavel que é encontrada em diversas regiões da América Latina.
Reportagem: Silvana Salles, Isabella Yoshimura e Lucca Chiavoni Alves | Edição: Silvana Salles e Isabella Yoshimura | Realização: Núcleo de Divulgação Científica da USP
Agradecimentos ao Instituto Butantan pelo apoio à reportagem do Ciência USP.