A crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus atinge em cheio o setor de cana-de-açúcar. É o que aponta o Boletim Setor Sucroalcooleiro de maio de 2020, dos pesquisadores Francielly Almeida e Marcelo Lourenço Filho, coordenado pelo professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.
As estimativas são de que a queda na produção de cana seja de 2% no Brasil e 1,6% no Estado de São Paulo. Dados apontam que até um quarto das usinas de cana atualmente em operação podem encerrar as atividades devido à atual crise.
Na comparação dos últimos 12 meses, o recuo no preço do etanol foi bastante expressivo: 17,6% no hidratado e 20% no anidro. Esse comportamento reflete a queda na demanda com as recomendações de isolamento social e da retração no preço do petróleo. O açúcar, como está mais ligado a segmentos menos atingidos pela pandemia, teve aumento de 5,3% em seu preço no mesmo período.
As estimativas são de que, na safra 2020/21, o foco da produção seja mais voltado para o açúcar em relação à safra anterior. Os pesquisadores explicam que a mudança do foco produtivo é explicada por quatro fatores:
“A relativa estabilidade do preço do açúcar, uma vez que o produto tem relação com o mercado alimentício, que tem sido menos afetado pela pandemia; a perspectiva de que, com uma possível recuperação mais lenta da atividade econômica, a demanda por combustíveis fique ainda fraca nos próximos meses; a perspectiva de manutenção dos baixos preços do petróleo, o que dá à gasolina um diferencial competitivo; e a depreciação da moeda nacional”.
Na região de Ribeirão Preto, com as incertezas em relação ao futuro da economia, muitos produtores optaram por antecipar as colheitas de cana-de-açúcar, aproveitando uma boa safra, possibilitada por um ciclo de chuvas favorável na região.
Por: Leonardo Rezende