Pesquisadores descobriram que os mosquitos possuem preferência por tipos de pele. É isto que demonstra um artigo publicado na revista científica Cell, que indicou que a variação na concentração de ácido lático e gás carbônico expelidos pelo órgão pode atrair esses insetos. O odor da pele humana é uma mistura desses compostos orgânicos, que podem conter os elementos que chamam a atenção dos mosquitos.
Flávia Virginio, pesquisadora e curadora da coleção entomológica do Instituto Butantã, ressalta que ainda são poucas as comprovações científicas envolvendo tal “preferência” por peles. Para ela, ainda “depende muito da substância que a pessoa libera na pele”, mas tanto o CO2 quanto o ácido lático são substâncias que, comprovadamente, atraem as picadas de mosquitos. Mas outros fatores, como a temperatura da pele e a presença de vapor de água, também podem atrair esses insetos.
Com o fato, também surgem as formas, sendo elas caseiras e científicas, de se prevenir de picadas dos mosquitos. É bem verdade que existem algumas receitas criadas para impedir a picada desses mosquitos. Algumas fazem parte de superstições populares, como a ingestão de vitaminas do complexo B, o uso de vinagre de maçã, a ingestão de limão com cravo, além dos chamados repelentes naturais, que são a citronela, a lavanda e os óleos naturais.
Mitos e verdades
As vitaminas do complexo B figuram como um dos mitos existentes dentre as substâncias utilizadas para repelir os insetos, já que não há comprovação científica sobre a eficácia delas. A pesquisadora explica que a incerteza da eficácia está justamente na forma como cada organismo irá processar a vitamina: “Muita coisa, quando a gente ingere e é digerida pelo sistema digestivo, não chega até o sangue a ponto de ser expelida pela pele”.
Outros mitos, que envolvem as chamadas receitas caseiras, indo desde o uso de chás e óleos naturais, como a lavanda, melaleuca e a citronela, podem ter sua efetividade variada de acordo com o manejo da planta. Algumas dessas substâncias até são auxiliadoras na composição dos repelentes industriais comprovadamente efetivos. No entanto, mesmo que sejam auxiliares na produção desses produtos, por não possuírem uma testagem e uma produção padronizada, os repelentes caseiros e in natura não possuem comprovação científica.
Repelentes efetivos
Se entendermos a maneira como os mosquitos escolhem suas vítimas, é mais fácil entender a forma como repeli-los. No mercado, os repelentes com efetividade comprovada variam desde o uso do princípio ativo de substâncias naturais para a composição de cremes na indústria farmacêutica, como também os encontrados em sprays, os ultrassônicos e as diversas formas mecânicas de dispersão dos insetos.
Flávia destaca, principalmente, os produtos que possuem concentração da substância Deet, a N,N-Dietil-m-toluamida, como potenciais repelentes para os adultos. Já para as crianças maiores de seis meses, o mais indicado por ela é a icaridina. Os produtos disponibilizados pela indústria farmacêutica e que passaram por um controle de qualidade são os mais indicados por ela, mas é preciso observar alguns pontos importantes para fazer uso de determinadas substâncias, tais como a idade da pessoa, se é gestante ou não e se possui alguma alergia.
Ainda há outras formas de evitar as picadas de mosquitos, por meio de ações no cotidiano. Atitudes como a aplicação de telas nas janelas; o uso de roupas que cobrem mais regiões do corpo em zonas de mata; a não realização de atividades em períodos específicos, como pela manhã e ao entardecer, período em que os mosquitos são mais ativos; e a interrupção do ciclo de vida do inseto são possíveis alternativas e auxiliadores dos repelentes.
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