O interesse da sociedade por doenças relacionadas à tireoide tem crescido nos últimos anos. A motivação, no entanto, não é um aumento na incidência do câncer na glândula, mas, sim, o avanço dos estudos na área, que viabiliza diagnósticos precoces e tratamentos eficientes. Flávio Hojaij, professor da Faculdade de Medicina da USP e secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, reforça que o cenário não é alarmante. Mesmo supondo que o número de casos tenha crescido, a mortalidade relacionada à doença não aumentou.
Hoje, a tendência observada em alguns países, como o Brasil, é de multiplicação dos pedidos de exames de ultrassom e tratamentos hormonais. No sentido contrário, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia lançou uma campanha de alerta ao uso indevido de hormônios da tireoide e requisição desnecessária de exames de dosagem hormonal e ultrassonografias. Outros países já seguem essas recomendações e priorizam a observação e monitoramento da condição da tireoide dos pacientes.
O doutor conta que o médico acostumado a lidar com tireoide percebe alterações importantes na glândula com a simples palpação do pescoço. Com exames mais complexos, é possível encontrar nódulos menores. Hojaij reforça que muitas vezes o ultrassom é desnecessário, mas entende que essa prática vem como resposta à angústia e demanda das pessoas que buscam ajuda médica e querem ter certeza sobre seu quadro clínico. Hojaij afirma, ainda, que os métodos utilizados não trazem riscos à saúde dos indivíduos examinados.
Os sintomas das doenças da tireoide são muito variados e podem causar confusão. O doutor conta que é comum que o diagnóstico inicial feito pelo médico se mostre equivocado com o desenvolvimento da doença. Acredita-se, por exemplo, se tratar de um caso de hipertireoidismo quando, na verdade, é o contrário: hipotireoidismo. Dentre os principais sinais aos quais as pessoas devem estar atentas estão cansaço, perda de peso, lentidão, aumento de frequência cardíaca e dor de garganta sem relação com inflamações.
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