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O massacre de presos durante o ano novo no Amazonas manchou de sangue mais uma vez o sistema penitenciário brasileiro. Bem longe do eixo Rio/São Paulo, onde estão as facções mais conhecidas do País, um novo nome surge em meio aos 56 detentos mortos: Facção Família do Norte. Assim como ocorre com o PCC, em São Paulo, a “família do norte” usa um código próprio para fazer a matança.
Além das mortes, foram totalizados ainda 225 fugitivos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). Isso sem falar da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus, onde quatro morreram e mais dois fugiram.
Ao menos 31 presos morreram na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, a maior de Roraima, informou a Secretaria de Justiça e Cidadania. Dezenove presos apontados como líderes de facções do Acre e Manaus foram levados para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte (14 do Acre e cinco do Amazonas ).
Os presos transferidos estavam no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no presídio Antônio Amaro, em Rio Branco.
Para o cientista político Paulo de Tarso dos Santos, da Unicamp, “as chacinas como as que aconteceram no Amazonas e em Roraima podem estar ligadas a guerras de facções criminosas e relacionadas à disputa pelo tráfico internacional de drogas após o desmantelamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o enfraquecimento do narcotráfico praticado por guerrilheiros colombianos”.
A crise nos presídios é o tema do primeiro programa Diálogos na USP no ano. O debate levou aos estúdios da Rádio USP a professora e pesquisadora do NEV (Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo), Maria Gorete Marques de Jesus, e o professor senior e livre-docente da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Alvino Augusto de Sá, especialista em Criminologia Clínica e Psicologia Criminal.
Diálogos na USP: os temas da atualidade tem produção de Sandra Capomaccio, apresentação de Marcello Rollemberg e trabalhos técnicos de Marcio Ortiz.