Junto com o coletivo Teatro da Pomba Gira e o Laboratório de Práticas Performativas da USP, Denny desenvolveu nos últimos anos os espetáculos Anatomia do Fauno, Demônios e Sombras, todos experimentos híbridos de performance, teatro visual e dança. Anatomia do Fauno e Demônios foram construídos a partir de vivências pessoais dos artistas do grupo no universo homoerótico. Sombras tratava da censura e da perseguição a escritos homossexuais e integrou a programação do projeto A biblioteca à noite, do diretor de teatro canadense Robert Lepage, apresentada no Sesc Avenida Paulista.
Com o Desvio Coletivo, outro grupo com o qual contribuiu intensamente, dividiu a direção do espetáculo Pulsão e das performances Cegos e Matrimônios com Marcos Bulhões, seu amigo de longa data e também professor no CAC e no Laboratório de Práticas Performativas. Cegos foi realizada em dezenas de países e escolhida para representar o Brasil na quadrienal de cenografia World Stage Design, em Taiwan (2017). No ano passado, Denny e Bulhões apresentaram em Nova York Banho de Descarrego, performance que refletia criticamente sobre o avanço de movimentos autoritários e conservadores.
Em 2019, esteve como pesquisador visitante no Instituto Hemisférico de Performance e Política, da Universidade de Nova York, onde desenvolveu parte de sua pesquisa de pós-doutorado Arquiteturas do Corpo: novas percepções, processos compartilhados e potências na performance contemporânea, realizada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Denny foi também o responsável pela cenografia dos dois últimos espetáculos da Companhia de Teatro Heliópolis, Sutil Violento e (In)justiça, nos quais buscou uma tradução visual para a violência e exclusão de moradores das periferias das grandes cidades brasileiras. Como autor, publicou os livros Gênero Expandido-Performance e Contrassexualidades e Cenografia Digital na cena contemporânea (ambos pela Editora Annablume). No momento, estava concluindo a redação de um novo livro sobre arquiteturas do corpo e iniciava a pesquisa para um novo trabalho cênico fruto de reflexões sobre ressonâncias da pandemia de covid-19.
Denny deixa um legado e muito admiradores, especialmente de gerações mais jovens. Como poucos, manteve-se atento às mudanças na contemporaneidade e soube transmiti-la para alunos e artistas iniciantes. Expressou o que há de melhor na Universidade: a busca pelo conhecimento aliada a uma ética pessoal e a vontade de ensinar.
Texto publicado originalmente no site da Escola de Comunicações a Artes.