Uma delegação da USP, liderada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e formada pelo pró-reitor de Pós-Graduação, Rodrigo Calado; pelo presidente da Agência USP de Cooperação Nacional e Internacional (Aucani), Sérgio Proença; e pelo professor da Faculdade de Direito (FD) e diretor administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fernando Dias Menezes de Almeida, esteve na França entre os dias 20 e 22 de novembro.
Na agenda do grupo estavam a assinatura de acordos e convênios com universidades e instituições de pesquisa; a promoção de reuniões com dirigentes das instituições de ensino francesas; e a participação nas comemorações dos 30 anos do programa USP Cofecub, promovido em parceria com o Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil e que promove o intercâmbio de pesquisadores e a colaboração entre as comunidades científicas da USP e da França.
Para o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, “a parceria com a França recupera nossos laços históricos com esse país, pois pesquisadores franceses foram decisivos para a criação da USP em 1934”.
“As entidades francesas, as universidades, os institutos e o governo francês receberam com entusiasmo a delegação da USP. As parcerias existentes foram incrementadas e novas possibilidades se abriram. Destaco a possibilidade de duplo diploma na graduação para os alunos da FEA, com modelo semelhante da nossa Faculdade de Direito com as Universidades de Lyon. As duas maiores universidades francesas, PSL e Paris Saclay, demonstraram claro interesse em aumentar a cooperação com a USP, com projetos em conjunto já definidos. As reuniões com o IP-Paris e o CNRS mostraram que as parcerias estão cada vez mais sólidas”, avalia o reitor.
“Tenho certeza que estabeleceremos o mesmo nível de internacionalização que temos com a Universidade de Exxer do Reino Unido, e o ICGEB italiano, com laboratórios internacionais estabelecidos na USP”, considera Carlotti.
Agenda de encontros
Um dos primeiros compromissos da delegação naquele país foi a realização da assembleia geral anual do Institut Pasteur de São Paulo e do Institut Pasteur de Paris. Na pauta, foram discutidos planos de expansão das atividades de pesquisa da filial brasileira.
Sediado na Cidade Universitária da USP, o Institut Pasteur de São Paulo, inaugurado pelo presidente francês Emmanuel Macron em março deste ano, conta com 17 laboratórios – sendo quatro deles de nível 3 de biossegurança –, uma unidade de bioinformática e vários laboratórios multiusuários. Quando estiver em pleno funcionamento, abrigará mais de 80 cientistas do Brasil e de outros países para o desenvolvimento de pesquisas sobre doenças transmissíveis, não transmissíveis, emergentes, reemergentes, negligenciadas e degenerativas, inclusive as doenças neurodegenerativas progressivas.
Outra importante atividade da delegação foi o acordo firmado pela USP com a empresa Viva Technology, que organiza um dos principais eventos de tecnologia e startups da Europa. Em 2025, a nona edição da feira acontecerá de 11 a 14 de junho de 2025, em Paris, na Expo Porte de Versailles. A proposta é que a USP participe com um estande de 100 metros quadrados, que será compartilhado com a Fapesp, para apresentar projetos e iniciativas relacionadas à inovação.
“A participação da USP na feira permitirá a interação com outros parceiros franceses. Também haverá a apresentação de startups nas áreas de tecnologia de ponta fomentadas pela USP e pela Fapesp e iniciativas relacionadas à transição energética, por exemplo”, explica o professor Fernando Menezes.
Ampliação das parcerias
No Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), principal instituição pública de pesquisa da França, foram promovidos encontros com dirigentes para discutir a ampliação do escopo de atuação do centro que foi instalado no campus Capital-Butantã da USP, em São Paulo, incluindo novas áreas, como engenharia. Além disso, foram formalizadas parcerias específicas relacionadas ao tema Oceanos. Em 2025, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoverá uma grande conferência sobre o assunto na França e a USP, em conjunto com a Fapesp, participa de uma iniciativa do CNRS para apoiar a criação de um painel internacional para a proteção dos oceanos no âmbito da ONU.
A questão do duplo diploma também fez parte das reuniões com as universidades francesas. Na Universidade Paris 1, as tratativas avançaram para a criação de um modelo de duplo diploma para mestrado envolvendo a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA).
Com o mesmo objetivo, a USP avançou na discussão para fazer parte da Aliança Europeia de Universidades para a Saúde Global (Eugloh, na sigla em inglês), liderada pela Universidade Paris Saclay, a maior universidade francesa na atualidade. Ainda não há data prevista para essa associação, e o objetivo é que essa aliança possibilite uma maior integração para a formalização de duplos diplomas, além da realização de pesquisas conjuntas, entre outras atividades.
Atuação em novas frentes
No Instituto Politécnico de Paris (IP Paris), que abrange seis escolas de engenharia francesas — École Polytechnique, École Nationale des Ponts et Chaussées (ENPC), ENSTA Paris, ENSAE Paris, Télécom Paris e Télécom SudParis —, com o qual já existe um acordo de cooperação vigente, foram discutidas novas formas de financiamento de pesquisas conjuntas e a realização de um workshop entre o IP-Paris e as escolas de engenharia da USP, que terá lugar em março de 2025, na Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani).
Com o Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRAe, na sigla em francês) está em estudo um acordo semelhante ao realizado com o CNRS para que a Universidade tenha uma filial da instituição no campus de Piracicaba. Atualmente, a USP é a principal colaboradora internacional do INRAe.
“A colaboração entre o INRAe e a USP tem se consolidado ao longo dos anos como uma das parcerias mais importantes no campo das ciências agrárias e ambientais. A troca contínua de conhecimento entre o INRAe e a USP, especialmente com a participação da Esalq, fortalece o compromisso de ambas as instituições em promover uma pesquisa aplicada e inclusiva, que tenha relevância global”, afirma a diretora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), Thais Vieira, que participou da reunião com os dirigentes do Instituto de forma virtual. Segundo ela, “os avanços para estreitar ainda mais nossas relações institucionais certamente terão um impacto positivo para a ciência no Brasil”.
A USP assinou dois convênios com a Université Paris Sciences et Lettres (PSL, na sigla em francês). O primeiro, para a criação de um centro de engenharia internacional em economia circular e, o segundo, envolvendo o Institut Curie, para a colaboração na área relacionada ao tratamento de leucemia e linfoma utilizando células CAR-T. A pesquisa é uma iniciativa do Hemocentro de Ribeirão Preto, vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, em parceria com a Fundação Butantan. O objetivo é o desenvolvimento de pesquisas em conjunto na área de terapia celular e o intercâmbio de pesquisadores nessa área.
30 anos e 200 projetos
A cerimônia de comemoração do 30º aniversário do Programa USP-Cofecub foi realizada na Maison du Brésil, residência voltada a pesquisadores e estudantes brasileiros, situada na Cité Universitaire — na qual se encontram outros edifícios voltados à recepção de estudantes de várias nacionalidades em Paris.
A abertura do evento contou com a apresentação do reitor Carlotti, que reforçou a importância do programa, iniciado em 1994 entre Brasil e França. O objetivo do programa é fomentar e desenvolver a cooperação acadêmica por meio de intercâmbio de pesquisadores, o que propicia a realização de pesquisas conjuntas entre grupos da USP e da França, facilita a troca de informações e a colaboração entre as duas comunidades científicas. Esse programa conjunto envolve a mobilidade de pesquisadores, dando prioridade ao treinamento em nível de doutorado.
Segundo o presidente da Aucani, Sérgio Proença, nesses trinta anos de existência, o USP-Cofecub já apoiou mais de 200 projetos de 35 Unidades de Ensino e Pesquisa da Universidade.
