Biblioteca da USP contribui para o acervo do portal Brasiliana Iconográfica ​

São mais de 250 imagens digitalizadas de obras que fazem parte do acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

 Publicado: 12/07/2024
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Glória, 1861. Autor: Charles Ribeyrolles. Fotógrafo: Victor Frond. Gravador: Ernest Jaime.

Desde 2022, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP contribui para o enriquecimento da Brasiliana Iconográfica, uma plataforma virtual que disponibiliza materiais de quatro acervos importantes: o da Biblioteca Nacional, do Instituto Moreira Salles, do Itaú Cultural e da Pinacoteca de São Paulo. Essa união entre a plataforma e a BBM permite que o público tenha acesso a diversas obras raras brasileiras, de forma totalmente on-line e gratuita.

MAS AFINAL, O QUE É UMA BRASILIANA?

Assim como o termo machadiano se refere a obras e características de Machado de Assis, ou drummondiana as de Carlos Drummond de Andrade, brasiliana define toda produção que diz respeito ao Brasil e seus processos históricos. São considerados livros, documentos, pinturas, fotografias e tudo mais que apresente um registro acerca dos elementos brasileiros -principalmente aqueles que datam os séculos 16 ao 19 -ou seja, representações iconográficas do País.

Porto de Superagui, 1557. Autor: Hans Staden.

Atualmente, o portal Brasiliana Iconográfica conta com mais de 250 imagens digitalizadas de obras que fazem parte do acervo BBM, e esse número cresce mensalmente com a inserção de mais materiais. Entre eles, destaca-se a obra de Hans Staden, viajante alemão que foi mantido como prisioneiro dos indígenas tupinambás por nove meses, durante o século 16. Ao retornar a Alemanha, Staden registrou suas experiências com descrições e imagens em um livro que ficou conhecido como Duas Viagens ao Brasil (1557).

A obra retrata, por exemplo, um ritual antropofágico no qual o viajante diz quase ter sido devorado. As histórias narradas pelo alemão serviram de inspiração para obras literárias e cinematográficas brasileiras, como Manifesto Antropófago (1928), de Oswald de Andrade, e os filmes Hans Staden (1999), de Luís Alberto Pereira, Como Era Gostoso Meu Francês (1971), de Nelson Pereira dos Santos.

Esquartejamento do corpo do cativo executado, de 1557. Autor: Hans Staden.
Dona Maria de Jesus, de 1824. Autor: Maria Graham. Gravador: Edward Finden.

Além desse, podem ser consultados outros relatos de viagens de estrangeiros ao Brasil, como os do missionário franciscano francês André Thevet e do pirata Olivier van Noort. Também é possível ter acesso a textos e imagens sobre botânica, geografia, embarcações e personalidades da família real ou de combatentes revolucionários, como é o caso da gravura, de 1824, que retrata Dona Maria Quitéria de Jesus, militar baiana que lutou na guerra de Independência do Brasil.

PARCERIA BBM E BRASILIANA ICONOGRÁFICA

A parceria, firmada em 2022, permitiu a ampliação do recorte cronológico do portal que, anteriormente restrito à produção do século 18 e 19, passou a abranger também a datação do século 16 ao 17. Com um acervo iconográfico que contempla tão longo período, e sendo por definição uma biblioteca fundamentalmente brasiliana, a BBM tinha um grande potencial de contribuição para o projeto digital. 

As obras disponibilizadas pela biblioteca induzem ao aumento do número de usuários do portal, além de acentuar o vínculo com a academia, na medida em que os materiais adicionados podem interessar a novos pesquisadores.

Além das contribuições do acervo BBM, os materiais disponíveis são, essencialmente, dos acervos da Fundação Biblioteca Nacional e Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), Pinacoteca de São Paulo e Instituto Itaú Cultural (São Paulo).

O portal da Brasiliana Iconográfica possui, atualmente, cerca de 2.800 itens. A pesquisa no site pode ser feita através da relação entre autores, linha do tempo, assuntos e de um mapa em que estão sinalizados os locais a que se referem as obras.

O projeto pretende oferecer uma espécie de “museu virtual” do Brasil, dessa forma, apresenta-se como instrumento de preservação digital do patrimônio brasileiro, tornando o portal uma referência nos estudos iconográficos sobre o País.

Para consultar o portal, basta acessar a Brasiliana Iconográfica!

Panorama do Rio Paraíba - Acervo BBM
Panorama do Rio Paraíba, 1853. Autor: Hermann Burmeister. Editor: Georg Reimer. Gravador: W. Loeillot.
Panorama do Rio de Janeiro, 1861. Autor: Charles Ribeyrolles. Fotógrafo: Victor Frond. Gravador: Laurent Deroy.
Os Aquedutos do Rio de Janeiro, 1861. Autor: Charles Ribeyrolles. Fotógrafo: Victor Frond. Gravador: Bachelier.
Senzala; Uma soneca na roça, 1861. Autor: Charles Ribeyrolles. Fotógrafo: Victor Frond. Gravador: Philippe Benoist.

*Estagiária sob supervisão de Eliete Viana


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