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Situada na Serra do Mar, em uma exuberante área preservada de Mata Atlântica do município de Salesópolis, em São Paulo, a Estação Biológica de Boraceia (EBB) é uma área avançada de pesquisa da USP pouco conhecida pela comunidade universitária e pela sociedade paulista em geral. É administrada pelo Museu de Zoologia (MZ) da Universidade desde 1954 e pela sua biodiversidade proporciona um ambiente único para o estudo dos mecanismos ecológicos que suportam um dos biomas mais importantes e ameaçados do mundo.
Para tornar conhecida a história, as riquezas naturais e a importância científica desta estação, foi publicado o livro Estação Biológica de Boraceia: Contribuição da Universidade de São Paulo para o estudo e a conservação da Mata Atlântica, editado pelos professores Marcelo Duarte, Luís Fábio Silveira e Sônia Casari, todos do MZ. A publicação é bilíngue (português/inglês) e está disponível gratuitamente para download neste link.
“A Estação Biológica de Boraceia foi estabelecida como um ponto central para a pesquisa, conservação e educação ambiental em um dos biomas mais importantes e ameaçados do mundo, refletindo o compromisso da USP com a sustentabilidade e a proteção ambiental”, destaca Marcelo Duarte, professor e atual diretor do MZ, que fez a edição do livro e contribuiu com alguns capítulos. Ele explica que o local permite a realização de pesquisas sobre os mecanismos ecológicos que suportam a biodiversidade e os processos naturais da Mata Atlântica, abrangendo áreas como ecologia, botânica, zoologia e climatologia.
Por isso, a estação, que oferece um ambiente controlado para estudos de longo prazo sobre biodiversidade e ecossistemas, é utilizada para a formação prática de estudantes e pesquisadores, oferecendo a eles a oportunidade de aprender em um ambiente natural e diretamente com seu objeto de estudo. “Isso é essencial para a formação de profissionais capacitados para lidar com os desafios ambientais contemporâneos”, enfatiza Duarte, que ainda destaca a colaboração interdisciplinar entre especialistas de diferentes áreas no local para abordar questões ambientais complexas.
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70 anos de pesquisa e ensino
O livro sobre a Estação Biológica de Boraceia foi elaborado para celebrar marcos importantes como o nonagésimo aniversário da Universidade de São Paulo, os 70 anos do decreto que estabeleceu a EBB como centro de pesquisa e educação, e datas significativas como o Dia Mundial da Biodiversidade (22 de maio) e o Dia da Mata Atlântica (27 de maio).
A estrutura do livro foi planejada para fornecer uma visão abrangente sobre a estação e se inicia com uma contextualização da importância do local para a ciência e para a conservação. Os capítulos foram desenvolvidos por pesquisadores do próprio MZ e do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências (IB) da USP, abordando uma ampla gama de temas, desde ecologia, botânica, zoologia até taxonomia. Além disso, dois servidores técnicos do museu contribuíram com um capítulo sobre os ecossistemas e paisagens na estação.
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O objetivo dos textos é reforçar a necessidade de esforços contínuos em pesquisa e conscientização sobre a importância de proteger a Mata Atlântica e outros biomas essenciais. Para isso, a obra também conta com muitas fotografias e ilustrações que destacam a diversidade e a beleza das paisagens, e da fauna e flora local.
“Este livro representa mais do que uma celebração, é um apelo à ação para a conservação ambiental, destinado a educar e inspirar tanto a atual quanto as futuras gerações sobre a importância de preservar a nossa rica biodiversidade natural”, conclui Duarte.
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Linhas de pesquisa
A Estação Biológica de Boraceia é um centro importante para diversas linhas de pesquisa interdisciplinares que cobrem uma ampla gama de temas científicos. As principais linhas de pesquisa desenvolvidas incluem:
- Ecologia e comportamento animal: Focada no estudo dos padrões de comportamento, ecologia alimentar e dinâmicas populacionais de espécies animais, particularmente aquelas endêmicas ou ameaçadas.
- Biodiversidade e conservação: Envolve a inventariação e monitoramento da biodiversidade, estudos taxonômicos e de biodiversidade genética, essenciais para formular estratégias de conservação eficazes.
- Botânica e Ecologia vegetal: Estudos sobre a flora da Mata Atlântica, suas interações planta-animal, ecologia de populações vegetais e o impacto das mudanças climáticas na vegetação.
- Mudanças ambientais: Investigação dos efeitos das mudanças climáticas no bioma local e seus impactos sobre a biodiversidade e os ecossistemas.
- Taxonomia e Sistemática: Descrição de novos táxons, revisões taxonômicas, estudos filogenéticos e biogeográficos que ajudam a esclarecer as relações evolutivas e distribuições das espécies.
- Conservação genética: Avaliação da variabilidade genética dentro e entre populações de espécies-chave, fundamental para o planejamento de ações de conservação efetivas.
Para fazer download gratuito do livro Estação Biológica de Boraceia: Contribuição da Universidade de São Paulo para o estudo e a conservação da Mata Atlântica, acesse este link.