Identificação de novos antibióticos é facilitada com nova patente

Estela Morante e Felipe Chambergo explicam como funciona o Sistema de Expressão para Identificação de Moléculas com Atividade Antimicrobiana

 29/08/2023 - Publicado há 11 meses
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Bactérias têm se tornado cada vez mais resistentes aos antibióticos. Foto: PublicDomainPictures – via Pixabay
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Antibióticos. Provavelmente, você já foi medicado com algum na sua vida. Eles são muito receitados quando se tem uma infecção bacteriana mais grave ou com potencial de ficar perigosa. Porém, o uso constante deles torna as bactérias mais resistentes, já que elas se “acostumam” com o medicamento, ou seja, toleram melhor as doses mais fracas do remédio ou ele próprio.

Estela Ynés Valencia Morante – Foto: Reprodução /Jornal da USP- Youtube

Regular a quantidade de antibióticos ingerida e receitada é fundamental, mas o desenvolvimento de novas fórmulas também. É assim que surge a patente Sistema de Expressão para Identificação de Moléculas com Atividade Antimicrobiana

“Nesse contexto, desenvolvemos um método utilizando biosensores que determina a identificação simultânea de  inibição de  crescimento e o mecanismo de ação, como dano ao DNA, dano a membrana ou parede celular, assim como a inibição de síntese protéica“, explica Estela Ynés Valencia Morante, do Instituto de Ciências Biomédicas, uma das pesquisadoras da patente.

Funcionamento

Ok! Mostrar a importância da patente parece fácil, mas como ela realmente funciona? Por meio da análise genômica de alguns fungos e bactérias, foram descobertos agrupamentos gênicos para a biossíntese de antibióticos — ou seja, que podem ser suscetíveis à ação combativa do antibiótico — que ampliam as possibilidades de criação de novos compostos antimicrobianos. Entretanto, existe uma dificuldade para detectar a sua expressão genética, necessitando de métodos bem específicos.

“A tecnologia é um ensaio funcional que utiliza uma estratégia química-genética para identificar moléculas antimicrobianas por inibição do crescimento e, simultaneamente, determinar seu alvo molecular de ação como: dano ao DNA, inibição de ribossomos ou dano à membrana/parede celular.  Assim, biossensores bacterianos funcionam como uma ferramenta que fornece dados rápidos, de simples implementação e baixo custo“, completa Felipe Chambergo Alcalde, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, também pesquisador da patente.

Felipe Santiago Chambergo Alcalde – Foto: Reprodução/EACH USP

Ele é utilizado sobretudo contra cepas de bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium tuberculosis, entre outras.

Impactos

Desde Alexander Fleming, conhecido como o descobridor do primeiro antibiótico — a penicilina —, até os dias de hoje, com diversos medicamentos sintéticos, a indústria farmacêutica evoluiu muito. Mas as bactérias também. Nessa corrida armamentista, que ocorre nos mais diversos campos, como na veterinária, na agronomia e na saúde humana, é preciso ter a biotecnologia como aliada.

“Essa tecnologia permitirá reduzir o tempo de descoberta de um antibiótico ao analisar um maior número de amostras sendo naturais ou sintéticas, com aplicação na área de saúde humana, natural ou vegetal. Pretendemos miniaturizar a tecnologia para a identificação microbiana em larga escala“, pontua Ynés. Além disso, a patente está diretamente relacionada com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Saúde e Bem-Estar” da Organização das Nações Unidas.

Estagiária sob supervisão de Paulo Capuzzo


Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
Edição de som: Felipe Bueno
Produção geral:  Cinderela Caldeira
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Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35

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