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Iniciativa do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP Silvio Soares Macedo, considerado um dos maiores pesquisadores sobre paisagismo do Brasil, a série de depoimentos Quadro do Paisagismo no Brasil acaba de ser disponibilizada na internet. Ele, que é responsável pelo projeto da Praça do Relógio, na Cidade Universitária, que traz espécies de todos os biomas brasileiros, faleceu em 2021 por conta da covid-19, e recebe uma homenagem in memoriam com a publicação da série.
São entrevistas com 30 profissionais consagrados e atuantes em Arquitetura da Paisagem, que falam sobre suas trajetórias enquanto apresentam um panorama dessa importante área da Arquitetura e Urbanismo no começo do século 20. A realização é do Laboratório Quadro do Paisagismo no Brasil (LabQUAPÁ) da FAU, que, com apoio da atual coordenadora, a professora Ana Cecília de Arruda Campos, exibe o material ainda inédito no canal do Youtube, na íntegra e sem edições das gravações ao vivo neste link. Para a divulgação da série, a equipe de vídeo da FAU trabalhou transformando horas de vídeo no formato VHS para o formato digital.
Segundo a professora Fany Galender, integrante do projeto, estão sendo disponibilizados os arquivos para visualização das entrevistas realizadas com os profissionais, que “gentilmente atenderam nosso pedido de apresentação dos conceitos norteadores de sua prática profissional, formação acadêmica, atuação docente e de pesquisa, projetos relevantes e informações que nos permitam entender a situação deste segmento profissional na sociedade brasileira”. As entrevistas foram gravadas entre novembro de 2003 e dezembro de 2005, e, como afirma a professora, “constituem uma significativa fonte de informação e conhecimento do estado da arte da atuação paisagística brasileira daquele período, sendo de grande utilidade para pesquisadores e interessados em se aprofundar nas experiências concretas do paisagismo brasileiro”.
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Entre os entrevistados estão Miranda Magnoli, uma das pioneiras na área de paisagismo no Brasil e referência no cenário do ensino de paisagismo, atuando na FAU; Rosa Kliass, a grande dama da arquitetura paisagística, considerada uma das mais importantes na história do paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo, e a primeira a introduzir uma visão metropolitana da paisagem urbana e natural, com atuação militante pela normatização e profissionalização da atividade de paisagismo junto ao Estado e ao órgão de classe; e Sérgio Marin de Oliveira, superintendente de Paisagismo e Meio Ambiente da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) de 2001 a 2004, destacando a relevância da questão ambiental em grandes centros urbanos.
Há também nomes como José Tabacow, que estagiou com o paisagista Roberto Burle Marx, ocupando posteriormente a coautoria de projetos do mais famoso paisagista brasileiro; Gilberto Elkis, com mais de três décadas de carreira e portfólio que reúne jardins sustentáveis; Walter Doering, da empresa Casa da Árvore, um dos mais respeitados fornecedores do setor no País, reconhecido pelos grandes nomes da arquitetura paisagística brasileira e construtores de São Paulo; Sidney Linhares, consultor em Paisagismo Urbano do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo (Nutau) da USP; e Maria Cecilia Barbieri, com mais de 30 anos de atuação na área, associando consciência ambiental e tecnologia para criar soluções em paisagismo, entre outros grandes arquitetos da paisagem.
Clique nos players abaixo e confira as entrevistas de Rosa Kliass e Sérgio Santana na série Quadro do Paisagismo no Brasil.
Para ver os outros vídeos clique aqui.
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Da engenharia para a arquitetura
Sérgio Santana, primeiro entrevistado da série, que hoje atua no Brasil todo nas áreas de paisagismo e planejamento urbano, com sua empresa Sérgio Santana Planejamento e Desenho da Paisagem, não imaginava que seguiria por essa carreira quando ganhou de presente um curso de inglês nos Estados Unidos por ter ingressado no curso de Engenharia Civil. Passados dois meses, acabou encontrando o melhor curso de Arquitetura da Paisagem na Louisiana State University, onde se formou em 1976. Atuou em importantes projetos, se tornou diretor da empresa em que estagiou e em 1983 fundou seu próprio escritório. Só em 1990 começa a atuar no Brasil e é essa experiência que adquire no exterior que abre as portas para o mercado brasileiro. Na entrevista, Santana cita como um de seus primeiros trabalhos o jardim aquático na Barra da Tijuca, que deu origem a muitos outros jardins aquáticos em várias partes do Brasil.
Segundo ele, 30% dos trabalhos de sua empresa estão localizados em São Paulo, e os outros 70% estão distribuídos entre Rio de Janeiro, Nordeste e interior de São Paulo. Como ele diz, a filosofia básica do trabalho, de respeito à natureza e criar ambientes confortáveis, sempre foi importante. Também fala sobre a legislação ambiental: “Ambientalmente fazemos o correto. Mas, na minha opinião, as regras ambientais no Brasil deveriam ser mais ‘maleáveis’. Elas são definitivamente proibitivas, quando deveria haver mais diálogo”.
Santana lembra que ficou por 19 anos nos Estados Unidos por achar que não havia campo no Brasil, mas constatou que há muito trabalho. “Há 15 projetos em Fortaleza, e tem muito mais coisa por aí”, avalia. “O Brasil me interessa”, afirma, enumerando as razões que passam pela preservação da Mata Atlântica, melhoria de qualidade vida, qualidade ambiental e a própria beleza da paisagem. “Aqui me emociona, tenho uma paixão declarada”.
Confira todos os vídeos da série na Canal do Youtube da FAU neste link.
O paisagismo de Burle Marx
O arquiteto, urbanista e professor da FAU Silvio Soares Macedo também realizou na década de 90 um vídeo em que entrevista o grande nome do paisagismo no Brasil, Roberto Burle Marx. O documentário Projeto de Paisagismo contempla diversos projetos de paisagismo realizado pelo escritório de Burle Marx, com foco no paisagismo realizado pelo no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), localizado no Jardim Europa, em São Paulo. Produzido pela Vídeo FAU, traz o resultado de pesquisa coordenada pela professora da FAU Sheila Walbe Ornstein, sobre o desempenho em uso da edificação e áreas externas do MuBE, que à época recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O vídeo traz ainda depoimentos do próprio Silvio Soares Macedo e de Miranda Martinelli, entre outros paisagistas. Para assistir o documentário clique aqui.
