Desemprego em alta e PIB em queda confirmam retração econômica

Uma queda de investimentos muito significativa confirma cenário de recessão em 2016 e um crescimento menor do que o esperado para 2017

 06/12/2016 - Publicado há 8 anos

Acompanhe a entrevista da repórter Simone Lemos com o professor Fernando Botelho (FEA-USP):

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Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Os números da economia brasileira continuam empurrando para baixo qualquer esperança de retomada do crescimento. A taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 11,8% no trimestre encerrado em outubro deste ano. Segundo a Agência Brasil, a taxa é superior aos 11,6% do trimestre que terminou em julho deste ano e aos 8,9% do trimestre fechado em outubro de 2015.

A população desocupada ficou em 12 milhões de pessoas no trimestre encerrado em outubro deste ano, praticamente o mesmo número do trimestre que acabou em julho de 2016. Já o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no País, fechou o terceiro trimestre do ano com queda de 0,8% em relação ao trimestre anterior. Com isso, o País registra o sétimo trimestre seguido de retração da economia. No resultado acumulado do ano até setembro, o PIB apresentou recuo de 4% em relação a igual período de 2015, maior queda para esse período desde o início da série, em 1996.

O professor Fernando Botelho, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, admite que a crise é muito profunda. “Mas o que é mais grave”, diz, “é que neste momento já se esperava que houvesse uma reversão das expectativas, e os resultados fossem um pouco melhores”. De acordo com ele, o governo não tem se mostrado capaz de debelar as crises políticas com as quais se defronta e de agilizar as reformas, que sinalizem para os investidores e para os agentes da economia uma perspectiva melhor no futuro. O professor da FEA chama a atenção ainda para um outro aspecto negativo, com reflexos na economia, que foi a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos.

O professor Botelho prevê o Natal deste ano ainda mais fraco do que o do ano passado, situação decorrente da queda na renda da população, condição agravada por uma inflação elevada e pela redução no nível de emprego. Por outro lado, os próprios Estados se apresentam em situação de absoluta penúria, como é o caso do Rio de Janeiro, que alega não ter recursos para pagar em dia seus servidores.

Para 2017, a expectativa é de que o PIB pare de cair a partir do segundo trimestre, e de que haja algum sinal de retomada a partir do segundo semestre. No entanto, o professor Botelho prevê que a taxa de desemprego ainda deva aumentar por algum tempo, melhorando somente em 2018, como consequência de as empresas estarem muito endividadas, não havendo espaço para mais contratações. “O momento agora”, conclui, “é de ajustes e de realismo”.

 

 

 


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