“Série Energia”: Setor de celulose e papel gera energia através do “licor negro”

Com alto teor energético, subproduto do rejeito do eucalipto é classificado como uma biomassa de origem florestal

 16/09/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 12/06/2023 as 12:13
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Além de celulose e papel, eucalipto produz biomassa que gera energia – Foto: Vijaya Narasimha/Pixabay

 

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A geração termelétrica de energia pode ser obtida a partir dos mais diversos combustíveis, incluindo os renováveis e os não renováveis, como tem abordado a Série Energia. Na busca pela transição energética para o baixo carbono, os combustíveis renováveis surgem como uma alternativa aos derivados do petróleo. A indústria de celulose e papel é intensiva no uso energético, isso faz com que o setor busque sempre aumentar a eficiência dos seus processos, o que traz maior equilíbrio ambiental e competitividade. É o setor que produz a biomassa de origem florestal que gera energia através de um subproduto do rejeito do eucalipto, conhecido como “licor negro”.

O setor de celulose e papel tem sua base nas florestas de eucalipto, sendo o pinus também utilizado em alguns processos. Em muitos casos, o aproveitamento da própria matéria-prima, ou seja, do que é dispensado ou rejeito do processo se torna uma alternativa para a autoprodução de energia. De uma forma geral, o setor aproveita parte da sua biomassa para gerar vapor e eletricidade. Alguns processos utilizam cavacos de madeira, que são os pequenos pedaços de madeira resultantes de uma trituração e, mais recentemente, restos de raízes, folhagens e cascas. 

Mas também existe o aproveitamento energético através da recuperação química do “licor negro”, que é um subproduto do processo denominado Kraft. Nessa tecnologia, o ganho é multiplicado pois os químicos inorgânicos são restaurados e podem ser novamente incorporados ao processo, evitando o descarte, e ainda liberar calor para cogeração de vapor e eletricidade.

O processo Kraft é o mais utilizado na indústria de celulose e papel, inclusive no Brasil. No processo, a madeira é “cozida” em um digestor para separação da fibra e da lignina, utilizando-se o “licor branco”, que é uma solução de soda e sulfeto de sódio. Após o processo, tem-se como subproduto lignina agregada na forma do “licor negro” com parte dos reagentes, soda e sulfeto de sódio, que podem ser recuperados aumentando a eficiência do processo, diminuindo o impacto ambiental e ainda liberando energia.

O licor negro possui alto teor energético, sendo classificado como uma biomassa de origem florestal. Ao ser queimado libera calor que pode produzir vapor para o processo ou ainda gerar eletricidade. O excesso de eletricidade é injetado nas linhas de transmissão do (SIN).

Segundo dados do Sistema de Informações de Geração (Siga) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), atualização de 1º de setembro, o Brasil conta com 21 empreendimentos de celulose e papel em operação somando 3.285.441 kW e um empreendimento outorgado em construção, na cidade de Ribas do Rio Pardo (MS) com capacidade de 384.000 kW.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul. A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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