Sequelas da covid-19 requerem tratamento multidisciplinar

“Passamos de uma doença respiratória para uma infecção generalizada, que começa com o pulmão, mas não esquece nenhum pedacinho do nosso corpo”, afirma Linamara Rizzo Battistella

 13/08/2021 - Publicado há 3 anos
Mesmo sintomas menores, como a alteração do paladar, levam a um desconforto e acabam desencadeando um quadro de depressão e ansiedade – Fotomontagem: Freepik/Wikipedia
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O alcance e os efeitos provocados no organismo pela covid-19 ainda não são totalmente conhecidos. Em alguns casos, mesmo curados do vírus, os pacientes têm sequelas graves que dificultam ainda mais o tratamento.

Segundo Linamara Rizzo Battistella, do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (ImRea) do Hospital das Clínicas (HC) e professora titular de Fisiatria em Medicina Física e Reabilitação da Faculdade de Medicina (FM) da USP, o medo dos médicos ficou amplificado na ótica dos pacientes, que sofreram profundamente em todos os sistemas do organismo.

“Passamos de uma doença respiratória para uma infecção generalizada, que começa com o pulmão, mas não esquece nenhum pedacinho do nosso corpo”, afirma ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. Por isso, a professora explica que o tratamento após a internação deve ser feito de maneira multidisciplinar.

Linamara conta que acompanha pacientes que tiveram alta há um ano e cansaço, tontura, dor e dificuldade respiratória ainda persistem. Mesmo os sintomas menores, como a alteração do paladar, levam a um desconforto e acabam desencadeando um quadro de depressão e ansiedade. “Não adianta tratar a melhora do movimento se eu não tiver melhorando a concentração dele”, diz.

Ao todo, foram mais de 4 mil altas e 3 mil sobreviventes em condições adequadas. Segundo a professora, foram identificados 1.200 pacientes que precisavam de uma avaliação, mas nem todos se dispuseram. “Eles ainda estão muito traumatizados pelo estresse.” São 801 pacientes que se disponibilizaram e participam de uma pesquisa para avaliar a duração das sequelas. 

A recuperação é construída em três frentes: mobilidade, cognição e comunicação. Os médicos utilizam, por exemplo, terapias como a marcha assistida com suspensão de peso associada à realidade virtual e comando de voz, para estimular todas as frentes. Também são utilizadas tecnologias que avaliam com precisão a resposta dos pacientes a esses estímulos.


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