Dossiê americano coloca Brasil em situação preocupante em relação à preservação ambiental

De acordo com Pedro Luiz Côrtes, “o Brasil não fez nada no sentido de coibir, no investimento de fiscalização, no combate à grilagem, e nós temos um problema muito grave na mão que é a situação atual do Pantanal”

 19/02/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 22/02/2021 as 8:44
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O Jornal da USP no Ar 1ª Edição recebeu hoje (19), mais uma vez, Pedro Luiz Côrtes, professor associado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), que comenta sobre o dossiê recebido pelo presidente Joe Biden, em que membros do alto escalão do novo governo indicaram o congelamento de acordos e alianças políticas com o Brasil, rechaçando o governo Jair Bolsonaro, principalmente nas questões relacionadas ao meio ambiente.

A partir desse dossiê, qual será o posicionamento do governo Biden? “Pode ser verificado um forte engajamento do alto escalão do governo Biden com os compromissos ambientais firmados durante a campanha. Aquilo que o Biden manifestou sobre a preservação da Amazônia, sobre as questões ambientais, sobre mudanças climáticas, não era uma figura retórica ou estratégia de campanha e a importância desse dossiê é que ele foi levado ao governo pelo diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional”, comenta Côrtes.

O professor explica que a recomendação é restringir a importação de madeira, carnes e soja do Brasil, a menos que se confirme que as importações não estejam vinculadas ao desmatamento ou ao abuso dos direitos humanos. “Isso cria um problema muito grande para o agronegócio organizado, porque, na Amazônia, essa produção, desmatamento, grilagem, essas queimadas, elas mancham todo o agronegócio organizado, então vai criar um problema burocrático, porque os exportadores vão ter que comprovar que a carne, a soja, não vem de área desmatada”, detalha Côrtes.

A chance de mudar esse relacionamento conturbado deve partir do governo, mas, de acordo com o professor, o Brasil não fez nada até o momento para que isso ocorra. “O Brasil não fez absolutamente nada no sentido de coibir, no investimento de fiscalização, no combate à grilagem, e nós temos um problema muito grave na mão que é a situação atual do Pantanal. O Pantanal está muito seco, embora ainda não seja época de chuva, e isso pode colocar as queimadas fora de controle, sejam queimadas naturais, sejam queimadas provocadas pelo homem”, conclui.


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