Falta de ação governamental deixa o cenário econômico preocupante para 2021

Segundo Luciano Nakabashi, a questão fiscal está cada vez pior e o desemprego, que já é alto, tende a piorar com o fim do auxílio emergencial

 16/12/2020 - Publicado há 4 anos

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Com a chegada do final do ano, o professor Luciano Nakabashi vê uma melhora nos índices econômicos, principalmente nos últimos dias, a mais evidente em relação à bolsa de valores. Para o professor, isso é reflexo do humor do investidores internacionais, que parecem ter ficado satisfeitos com os resultados da eleição dos Estados Unidos, o que reduz as incertezas no mercado internacional. O motivo dessa melhora e a situação do Brasil são os temas da coluna Reflexão Econômica desta semana.

A maior estabilidade no cenário econômico internacional, com a volta dos Estados Unidos como líder da relação com os principais países, e, ainda, o início da vacinação, são alguns fatores responsáveis por essa melhora, que influenciou também o aumento do preço de várias commodities que beneficiam o Brasil. “Mas são basicamente fatores externos que impactaram nesses índices, no Brasil quase nada mudou”, alerta o professor.

Mesmo com vários países iniciando a vacinação, o professor diz que ainda existe muita incerteza no cenário econômico, e com isso a crise deve durar até meados do próximo ano. Nakabashi lembra da segunda onda da pandemia que atinge vários países e tem afetado a recuperação da economia, “que já está mais lenta no quarto trimestre em comparação ao terceiro”.

Se pensarmos em 2021, o professor diz que as perspectivas não são boas para o Brasil, pois não foi feito praticamente nada, ou seja, a questão fiscal e a agenda de reformas foram empurradas com a “barriga”. Cada hora é uma desculpa, primeiros as eleições municipais, depois a questão da troca dos presidentes da Câmara e do Senado. “Essas reformas são fundamentais para o Brasil de fato melhorar os fundamentos econômicos e atrair investimentos produtivos para o País crescer de forma sustentável. A situação fiscal está piorando, com isso a janela está ficando cada vez menor.”

O pesquisador diz que em 2020 nada foi feito, em partes porque a pandemia diminuiu a capacidade do governo de tocar outras agendas, mas, principalmente, porque o abandono foi completo em relação à agenda de reformas. “Neste momento, ainda existe a incerteza de como a pandemia vai afetar a economia no primeiro semestre do ano que vem”, avalia.

Nakabashi afirma que a questão fiscal está cada vez pior e o desemprego, que já é alto, tende a piorar com o fim do auxílio emergencial. “Temos um cenário de muita necessidade de um lado, com uma situação precária em relação ao mercado de trabalho e ao consumo das famílias, e falta de ação de outro.” Para ele, a situação é preocupante, pois temos um governo que não tem de fato focado no que é importante, o que tem impactado no desempenho, e as perspectivas não são positivas para 2021, decorrentes, principalmente, “da falta de ação do governo para tocar uma agenda que é relevante para melhorar a questão fiscal e a produtividade do trabalho no País”.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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