Desvios na Prefeitura de Ribeirão Preto podem chegar a R$ 203 milhões

Operação Sevandija, da Polícia Federal e do Ministério Público, atinge políticos, empresários e funcionários públicos municipais. Professor da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto analisa operação sem precedentes na história da cidade

 06/09/2016 - Publicado há 8 anos
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O professor Raul Miguel Freitas de Oliveira, da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto e especialista em Direito Administrativo e Direito Municipal, analisou o impacto da Operação Sevandija em entrevista ao repórter Ferraz Junior.

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Operação Sevandija, da Polícia Federal e do Ministério Público, atinge políticos, empresários e funcionários públicos municipais. Professor da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto analisa operação sem precedentes na história da cidade

Um dia após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, 1º de setembro, Ribeirão Preto foi sacudida pela Operação Sevandija, deflagrada pela Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Essa operação é um desdobramento das investigações iniciadas pelo Ministério Público no ano passado e que apuram fraudes de R$ 203 milhões decorrentes de licitações e contratos fraudados. Estão envolvidos políticos, empresários e funcionários públicos municipais.

A Operação Sevandija emitiu 13 mandados de prisão temporária, 48 buscas em autarquias como a Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp) e o Departamento de Água e Esgoto da cidade (Daerp), além das secretarias municipais da Educação e da Administração e da Câmara de Vereadores. Também foram feitas buscas em empresas privadas sediadas em Ribeirão Preto, Santos e Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.

Na operação, 27 pessoas foram levadas para depoimento em condução coercitiva. Foram presos o secretário municipal da Educação, Ângelo Invernizzi Lopes, advogados, funcionários da Coderp, do Daerp, cinco empresários. Outros dois empresários estão fora do País.

A prefeita Darcy Vera também é alvo das investigações; como tem foro privilegiado, vai ser ouvida pela Procuradoria Geral da Justiça, na capital paulista. O processo contra ela corre em segredo de Justiça. O Ministério Público chegou a pedir a prisão da prefeita, mas o Tribunal de Justiça negou.

Foi solicitado o bloqueio dos bens de todos os investigados e a suspensão dos pagamentos das licitações fraudadas, além da suspensão das funções públicas dos agentes envolvidos.

O secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Júnior, foi destituído do cargo no final do dia. Os nove vereadores tiveram o mandato suspenso temporariamente, mas ainda permanecem em condições de concorrer às próximas eleições.

Só para esclarecer o nome da operação: pelos dicionários, sevandija tem dois significados. Um é o nome comum a todos os parasitos e vermes. O outro significado se refere à pessoa que vive às custas alheias.


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