Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos está cada vez maior. Aumentou de 17,4% em 2014, para 47,5% em 2016, quando foi realizado o último censo. É crescente o número de jovens, pós-saídos da adolescência, que procuram as clínicas em busca de um rejuvenescimento ou retardamento do envelhecimento. A insatisfação ou o desejo de ser parecido com pessoas famosas ou conhecidas faz com que a procura pela harmonização facial e corporal seja crescente. Segundo Alan Landecker, cirurgião plástico formado em Cirurgia-Geral no Hospital das Clínicas pela Faculdade de Medicina da USP e em Cirurgia Plástica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, muitos buscam “padrões estéticos irreais, divulgados nas imagens de redes sociais ou conseguidos a partir de photoshops ou maquiagem”. Ele enfatiza que “para realizar procedimentos estéticos é necessário que o jovem tenha um preparo psicológico para lidar com as mudanças físicas e a recuperação”.
Rogéria Taragano, psicóloga colaboradora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que a fase da adolescência é um período de afirmação: “Ela é marcada, dentre outras mudanças, por uma necessidade muito grande de autoaceitação e ainda muito dependente do julgamento e da aprovação e da aceitação do outro. É um período de muitas mudanças corporais e também é a fase em que se está muito preocupado em como se é visto pelo outro, inclusive em relação à sua aparência”. Rogéria também destaca que “há algumas décadas tudo se dava só no contexto da escola, do bairro e da família; hoje em dia, com as redes sociais, isso se dá em um nível global, com retorno imediato. Essas reações, ou a falta delas, são sentidas, são percebidas por algumas pessoas de maneira devastadora”.