A trajetória de Marie Curie é reverenciada em exposição na USP

Textos e imagens que contam vida e obra da cientista estão em cartaz no Instituto de Ciências Biomédicas

 13/03/2020 - Publicado há 4 anos
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O cartaz de abertura revela Marie Curie em várias fases da vida – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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Uma mulher bonita, cabelos presos, rosto redondo, olhar firme de quem está preparada para enfrentar os desafios da ciência e da vida. É assim que Marie Curie marca presença logo na entrada da exposição que o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e o Consulado Geral da França apresentam. No cartaz que abre a mostra, o público vê a cientista em todas as fases, com o mesmo ar jovial e tranquilo.

A mostra A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie Curie 1867-1934 sintetiza a história da cientista através de cartazes com imagens de alguns dos momentos mais importantes da sua vida. Inaugurada para reverenciar o Dia Internacional da Mulher, o trabalho de Marie Curie é uma referência mundial da importância do papel da mulher na sociedade.

“Como pode ser visto na exposição, Marie Curie é um símbolo da determinação e da competência da mulher na ciência”, explica Luis Carlos de Souza Ferreira, diretor do ICB. “Sem paralelo na história, ela foi a única mulher a receber dois prêmios Nobel em áreas diferentes pelas descobertas científicas na área de radioatividade e suas aplicações no tratamento de diferentes tipos de câncer. Em uma época em que o papel da mulher na ciência e na sociedade ainda era negligenciado, ela trouxe um exemplo que inspira e motiva a todos.”

O professor conta que a apresentação da história de Marie Curie na USP surgiu do contato constante do ICB com o consulado francês, a fim de instalar a plataforma científica Pasteur USP, que reúne trabalhos conjuntos sobre temas relacionados à saúde humana. “Esta exposição estava no Liceu Pasteur. Achei interessante para os pesquisadores e estudantes, então solicitei ao consulado para ser apresentada também na USP.”

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Detalhes da vida da cientista e da mãe com as suas duas filhas – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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A nossa expectativa ao apresentar esta exposição no ICB é que a trajetória de vida de Marie Curie inspire a todos a fazer o melhor pela sociedade.”

 

Manya Sklodowska ou Marie Curie nasceu no dia 7 de novembro de 1867 em Varsóvia, na Polônia. Naquele época o país fazia parte da Rússia czarista. Seu pai era professor de Física e Matemática, mas perdeu o emprego por se manifestar a favor da liberdade da Polônia e decidiu abrir a própria escola, que funcionava precariamente. Sua mãe pianista morreu jovem, quando Marie tinha dez anos. Era a terceira de quatro irmãos. Começou a trabalhar como governanta e professora. Em 1891, foi morar em Paris e adotou o nome francês.

Marie Curie estudou na Universidade de Sorbonne, graduando-se em Física, em 1893, e, no ano seguinte, em Matemática. “Suas pesquisas sobre radioatividade, termo criado por ela, resultaram na descoberta de dois novos elementos químicos em 1898: o polônio e o rádio”, descreve o professor Ferreira. “Nesse contexto, Marie Curie fundou dois institutos de estudo do rádio, em Paris e em Varsóvia.”

As imagens do Instituto de Rádio criado em 1914 estão na exposição e também a participação da cientista na Primeira Guerra Mundial, organizando o serviço radiológico do Exército e formando enfermeiras no serviço de Radiologia.

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Marie e seu marido Pierre Curie ganharam o primeiro Nobel em 1903 e, em 1911, ela recebeu sozinha o seu segundo Nobel – Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

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Marie conheceu seu marido, Pierre Curie, em 1895, quando cursava o seu doutorado. As imagens do casal e suas duas filhas estão na mostra. Marie e Pierre trabalhavam juntos. Em 1903, o casal foi homenageado com o Prêmio Nobel de Física na área da radioatividade. Em 1904, Pierre trabalhava como professor da Sorbonne e Marie era assistente-chefe do laboratório que seu marido dirigia. Em abril de 1906, Pierre Currie morreu, vítima de um atropelamento e, no mês seguinte, Marie Currie foi convidada a substituir o marido, sendo a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Sorbonne. Em 1911, ganhou o seu segundo Nobel, em Química, pelas suas pesquisas e descobertas sobre as propriedades do rádio e seus compostos.

“A nossa expectativa ao apresentar esta exposição no ICB é que a trajetória de vida de Marie Curie inspire a todos a fazer o melhor pela sociedade”, observa o diretor do ICB. “Nós, na USP, temos o compromisso em particular de desenvolver e aplicar o conhecimento científico em benefício de todos.”

O professor faz questão de frisar que, além de Marie Currie, há muitos outros exemplos, no Brasil e no exterior, de mulheres com trajetórias de vida bem-sucedidas em diferentes áreas da ciência. “A participação feminina na pesquisa científica no Brasil é crescente e deve ser estimulada, em benefício das mulheres e de toda a sociedade. Esse movimento une o Brasil e a França para que trabalhem juntos em prol do avanço da ciência e na busca de uma sociedade mais justa.”

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A exposição A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie Curie 1867-1934 fica em cartaz de segunda a sexta-feira, das 9 às 16 horas, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP (Avenida Professor Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis.


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