Correu o mundo um vídeo em que um pai faz sua filha de três anos gargalhar ao ouvir o som da explosão de uma bomba na Síria. O pai da garota, um refugiado sírio que se encontra numa das regiões mais castigadas pelos ataques do regime de Bashar al-Assad, vale-se de um estratagema para convencer a menina de que se trata apenas da explosão de fogos de artifício. Com isso, a menina se põe a gargalhar com a espontaneidade que só as crianças têm. “A cena, além de nos trazer esperança e contentamento num período em que se acumulam crises e crimes, é um ótimo exemplo de uma palavra que tem sido usada a torto e errado e logo, logo vai se esvaziar e se tornar mais um clichê: a palavra é empatia”, diz Marília Fiorillo em sua coluna para a Rádio USP. A palavra advém de um conceito do iluminismo escocês e significa a capacidade de alegrar-se com a vitória alheia e de brindar com a sorte de alguém, enfim, de rir junto.
Diz Marília que empatia não é querer colocar-se no lugar do outro, “mas sim tornar-se, por um instante, o próprio outro. É por isso que na base da empatia está a imaginação. É graças a esta faculdade da alma, a imaginação, que a gente ri ou chora com certas músicas, poesias ou filmes. Sem imaginação, a solidariedade virou um dogma que se evapora rápido”. O pai sírio fez exatamente isso, usou a imaginação com sua pequena filha de três anos – no momento em que o fez, derrotou o mundo real, de mortes e explosões, para criar um mundo imaginário em que só há fogos de artifício.
Acompanhe, pelo link acima, a íntegra da coluna.
Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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