Grupo da USP busca integrar estudantes LGBTQ+

Frente de Diversidade Sexual e de Gênero quer reunir coletivos na busca de uma comunidade universitária mais inclusiva

 08/04/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 24/05/2022 as 9:27
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Cartazes da exposição organizada pela Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP – Foto: Iuri Cardoso / Arquivo pessoal

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O tema da diversidade vem sendo cada vez mais abordado nas esferas sociais. No ambiente universitário, não é diferente. Ressurgida em 2018, depois de anos de projetos paralisados, a Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP quer expandir suas atividades neste ano.

Ela busca reunir todos os coletivos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queers (LGBTQ+) da USP na busca de uma comunidade universitária mais inclusiva. A proposta é politizar as demandas de estudantes LGBTQ+ a partir de uma frente ampla que trabalhe para a afirmação do grupo e para que suas pautas sejam apresentadas de forma conjunta.

“Temos reuniões quinzenais, sempre em institutos diferentes para ter uma diversidade maior. São muitas pessoas, de diversos cursos, que trazem demandas específicas”, conta Ingrid Silva Sjobom, integrante da frente e estudante do segundo ano do curso de Ciências Sociais.

Alunos participam de uma das reuniões da Frente de Diversidade Sexual e de Gênero – Foto: Vitor Lima / Arquivo pessoal

Já foram realizadas reuniões na Escola Politécnica (Poli), na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), no Instituto de Matemática e Estatística (IME), entre outras unidades. O grupo também já levou reuniões para fora do campus, como no Sesc 24 de Maio.

A frente também é composta de pessoas que não pertencem a grupos, mas que se assumem LGBTQ+. “Não precisa ser de coletivo para participar”, esclarece Eduardo Rocha Fernandes, aluno do quarto ano de Direito e integrante da frente.

Além de tratar de questões específicas de estudantes nos seus cursos e unidades, o grupo também organiza projetos, como exibições de filmes, exposições e rodas de conversa sempre abordando temas relacionados a LGBTQ+.

Uma das exposições, realizada pela frente em 2018, coletou nomes de 36 personalidades LGBTQ+ de diferentes áreas da ciência e expôs a história dessas pessoas por todo o campus da Cidade Universitária, em São Paulo. “Existem LGBTs em todas as áreas, independente de ser humanas, exatas ou biológicas”, explica Anaís da Silva Marques, do terceiro ano da Farmácia. Os cartazes permanecem expostos até hoje.

A frente é uma entidade a que os LGBTQ+ podem recorrer em caso de qualquer necessidade, uma vez que nem todos os institutos possuem coletivos que tratam dessa questão, ou que, às vezes, não possuem muita visibilidade ou autonomia. “Eu sentia a necessidade de estar dentro de um grupo que pudesse me ouvir enquanto LGBTQ+ dentro da USP e onde eu pudesse entender melhor as demandas políticas”, conta Ian Barcellos Ferri de Souza Carmo, estudante do terceiro ano de Ciências Sociais.

“Estamos aqui para ouvir o outro e poder ajudar como podemos. A frente é ampla porque a gente acredita que ela precisa ser.” De acordo com o grupo, esse aspecto possibilita que as pessoas de todos os cursos comuniquem-se sem precisar necessariamente do intermédio dos coletivos.

Foto: Iuri Cardoso / Arquivo pessoal

Experiências pessoais

Quando Ian entrou na USP, ele sentiu necessidade de pautas políticas relacionadas aos LGBTQ+ e o coletivo de seu curso de graduação não estava conseguindo organizá-las. Conheceu a frente através de um colega, que o convidou para ir a uma reunião e, a partir de então, passou a integrá-la. “Eu fico muito feliz de poder fazer parte disso hoje. Além do mais, eu sou o único deficiente físico da frente. Para mim, é uma experiência engrandecedora e saio das reuniões cada vez mais feliz, acreditando que estamos fazendo alguma coisa.”

Eduardo destaca que sua participação na frente tem ajudado a superar alguns preconceitos pessoais. “Por exemplo, eu nunca imaginei que tivesse tantos LGBTQ+ nos cursos de Exatas. Foi importante ouvir outras perspectivas.”

A frente pode ajudar qualquer LGBTQ+ a criar um coletivo na sua própria unidade, caso ele não exista. “Se alguém quiser que ocorra uma reunião da frente no seu instituto é só entrar em contato com a gente”, explica Eduardo.

Eles também contam sobre os objetivos de trabalhar pautas fora da Universidade. “Eu não acredito que um coletivo sozinho vá conseguir mudar uma pauta que abranja toda a Universidade. Por isso a importância da frente organizada como um todo dentro da USP”, opina Ingrid.

Para contato ou mais informações, acesse a página da Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP no Facebook.


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