Novas cepas de rotavírus estão sendo monitoradas

Pesquisadora diz que variação do vírus não causa diarreia mais grave em relação à cepa mais comum no Brasil

 07/02/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 08/02/2019 as 10:04

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Duas novas cepas de rotavírus circulam no país, aponta estudo. O rotavírus equino-humano apareceu no país em 2015. Em 2017, já correspondia a 80% de todas as amostras positivas para rotavírus. Desde 2006, a atual geração de vacinas tem dado conta de prevenir a maior parte dos casos de rotavírus, doença que é responsável por 40% das internações hospitalares de crianças no Brasil. No entanto, um sinal amarelo foi aceso com a identificação dessas duas novas cepas no país.

O trabalho, publicado na revista científica Journal of General Virology, envolveu pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL) e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. Para falar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com Adriana Luchs, mestre em Fisiologia Humana pelo ICB, doutora em Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de SP e pesquisadora do Centro de Virologia do Instituto Adolfo Lutz.

Reconstrução por computador de um rotavírus baseada em várias micrografias eletrônicas. Uma partícula deste vírus é esférica com protrusões superficiais regularmente espaçadas – Foto: Graham Beards via Wikimedia Commons / CC BY 3.0

O rotavírus causa vômitos, cólicas e diarreia grave, e atinge principalmente crianças, por terem a imunidade mais baixa. O aparecimento de novas cepas, segundo a especialista, deve-se tanto à seleção natural quanto à pressão seletiva vacinal. “Essas duas cepas fizeram mutações ou recombinações não usuais”,  conta.

O estudo surgiu através do programa nacional de vigilância de gastroenterites, pelo qual o Instituto Adolfo Lutz é responsável. Foram percebidas formas distintas do vírus, que já haviam sido notificadas na Ásia e posteriormente na Europa. Foram encontradas cepas diferentes de rotavírus tanto na região de Foz do Iguaçu quanto na região Norte do país. Adriana coloca duas teorias para esse surgimento: “Ou elas já mutaram antes, ou há várias linhagens e vários tipos diferentes dessa cepa circulando mundialmente”.

No entanto, a pesquisadora afirma que essas novas cepas não causam uma diarreia mais grave em relação à cepa mais comum no Brasil. “A gente não conseguiria identificá-las por gravidade de doença”. Além disso, ela garante a eficiência da vacina, e faz um alerta: “O importante é manter a cobertura vacinal alta, isso ajuda a segurar qualquer propagação viral”. Ela garante que continuarão a monitorar as cepas para coibir qualquer problema futuro.

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