Programa inédito de Pós-Graduação da USP é apresentado nos EUA

No evento, foi apresentado o inédito programa tripartite internacional de doutorado que envolve a USP e as universidades estaduais norte-americanas de Nova Jersey e Ohio, respectivamente Rutgers University e Ohio State University.

 15/06/2012 - Publicado há 12 anos
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O evento reuniu mais de oito mil educadores de todo o mundo, na cidade de Houston, no Texas

O encontro anual da Associação de Educadores Internacionais (NAFSA, na sigla em inglês), considerado o maior encontro do mundo de educadores internacionais, foi realizado na cidade de Houston, Texas, entre 27 de maio e 1 junho, com mais de oito mil participantes. No evento, foi apresentado o inédito o Programa Tripartite Internacional de Doutorado, que envolve a USP e as universidades estaduais norte-americanas de Nova Jersey e Ohio, respectivamente Rutgers University e Ohio State University.

A apresentação deste programa, vinculado à área de biologia molecular e celular de plantas, foi feita pelo vice-presidente da Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais (VRERI), Raul Machado Neto, em sessão do dia 29 de maio. Os assuntos do ensino superior brasileiro mereceram atenção em três sessões distintas: Cooperação Norte-Sul – Vantagens de uma Cooperação com o Sistema de Educação Superior Brasileiro – Novidade e Pesquisa; Como Desenvolver um Programa de Mobilidade de Graduação com as Universidades Brasileiras; e Como Desenvolver um Programa de Titulação Dupla de Pós-Graduação.

“Além de falar dos nossos programas de dupla titulação, mostramos este, que é inaugural, tripartite, e que vem sendo estruturado desde 2004, sendo aprovado em 2010 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como programa de nível 5”, diz Machado Neto. “Para o encontro da NAFSA, diversas propostas alimentaram a expectativa de serem apresentadas em alguma das sessões programadas. Contudo, dentre várias delas, a da Universidade de São Paulo foi escolhida para servir de modelo em iniciativas acadêmicas semelhantes”, afirma.

Características inovadoras

Entre as novidades apresentadas pelo novo programa empreendido pelas três universidades, destaca-se a mobilidade de alunos e docentes, confirmando sua vocação de origem voltada à internacionalização. Além do mais, é um programa que acolhe as discussões em conjunto, estando constituído por um módulo nacional e outro, internacional. “Assim, há um melhor aproveitamento ao diminuir necessidades de custeio, principalmente porque o módulo nacional está reservado aos conhecimentos básicos de estatística, bioquímica, química, e assim por diante com relação a outras disciplinas”, afirma o vice-presidente.

Coordenado pela bioquímica Helaine Carrer, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), Unidade da USP onde o programa está sediado, seu pioneirismo pode ser atestado pelos parceiros das outras duas universidades, que creditam a seu formato o de um modelo único mesmo nos Estados Unidos. Complementando suas características originais, este programa deve ser entendido, também, como de interunidades, dele participando, além da Esalq, o Instituto de Biociências (IB), Instituto de Química (IQ), Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e o Centro de Energia Nuclear (Cena). Atualmente, o programa conta com a participação de nove alunos.

A apresentação do programa foi feita pelo vice-presidente da Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais, Raul Machado Neto

Chama atenção no programa, ainda, suas características vinculadas à complementariedade, reforçando a confiança institucional e o respeito acadêmico das universidades envolvidas, pois elas emprestarão nomes de ponta em áreas diferentes com a intenção de formar líderes mundiais em diversos campos do conhecimento. “O envolvimento de Ohio, por exemplo, se fez com a participação de 14 diretores de diferentes unidades, que atuaram na formulação do documento que cria esta atividade. Em razão de aspectos como esse, o programa já nasce ocupando um patamar muito alto”, comemora Raul.

Passos largos

No último encontro da NAFSA, novos passos decisivos foram trilhados pelas instituições rumo à desejada ação tripartite. Nesse sentido, uma etapa fundamental agora vencida foi a criação de um programa comum que leva, por enquanto, à dupla titulação. No entanto, “este mesmo programa comum, levado a cabo entre a USP e as universidades de Ohio e Rutgers, já fez despontar no horizonte o marco da tripla titulação chancelada pelas três instituições, em virtude de a dupla titulação entre elas ter origem em um programa comum, que usufrui de total concordância das universidades com todas as etapas do programa”, destaca Machado.

Por sinal, a relação entre as três entidades melhorou ainda mais após a realização do último workshop, repercutindo positivamente em mais uma ação inovadora: o Instituto de Química e os congêneres norte-americanos estabeleceram relação promissora e pensam desde já em criar uma ação conjunta acompanhando o modelo inaugural de tripla titulação. Com essa finalidade, os três órgãos acadêmicos estão organizando uma série de iniciativas conjuntas que caminham na direção da certificação comum.

“Houve, este ano, outra iniciativa muito interessante, com a cooperação anunciada entre o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e a área de Medicina da universidade do estado de Ohio. Trata-se, por enquanto, de uma proposta de dupla titulação, mas, futuramente, não deve parar por aí”, considera.

Origens do programa

O curso está sediado na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq)

O Programa Tripartite de Doutorado, na área de biologia molecular e celular das plantas, surgiu a partir de vários workshops voltados à biotecnologia. Foi esta ação tripartite que deu origem à internacionalização da iniciação científica da USP – com o SICUSP acolhendo mais um I – a partir da criação do Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (SIICUSP).

O workshop inaugural ocorreu em 1997, em Piracicaba, na Esalq, com a presença dos, à época, presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Descontraído, Raul Machado Neto recupera a lembrança de uma famosa reunião, momento importante em que apresentou pela primeira vez a proposta tripartite, promovida em pleno aeroporto de Newark, Nova Jersey, Estados Unidos, em 2003, único local viável a assegurar a presença de pesquisadores e dirigentes acadêmicos, de ambos os países, acostumados ao ritmo frenético de trabalho. “Foi na sala VIP de uma empresa aérea”, confirma. Naquele momento, era preciso haver a coincidência de os representantes das universidades poderem, de fato, estar no mesmo lugar, à mesma hora, independentemente dos marcos longitudinais do prometido encontro. Há quase dez anos, Newark fixou-se como a melhor opção.

A importância dessa reunião, à parte o caráter inusitado da logística, foi avançar da posição de realizar workshops anuais para a formação decidida de recursos humanos, aproveitando a competência acadêmica que já se havia estabelecido entre as instituições, reforçando, desde o primeiro momento, sua inclinação à complementariedade. “A despeito do diferencial pitoresco em que aconteceu e de ter se tornado uma recordação sempre agradável, essa reunião definiu-se como um marco muito importante. Lembro-me que dela participou a nossa pró-reitora de Pós-Graduação de então, e que veio a se tornar reitora mais adiante, a professora Suely Vilela”, recorda-se Machado Neto.

Outra característica importante desde os primórdios do programa foi a evolução da confiança mútua que se estabeleceu entre os pesquisadores, com os dois lados reconhecendo a competência e o comprometimento tanto de norte-americanos quanto de brasileiros. “Competência, confiança e comprometimento, aí estão os principais ingredientes para que um programa como este seja levado a cabo em nível de excelência”, avalia o vice-presidente, para quem esta iniciativa nada tem de trivial.

“Nós estamos muito contentes porque este programa, dirigido hoje de modo dedicado e competente pela professora Carrer, já representa um modelo para outras iniciativas, e essas outras iniciativas terão agora a oportunidade de percorrer mais eficientemente seu percurso, muito mais rapidamente até, pois terão à disposição o exemplo de uma experiência anterior de grande relevância com o foco permanente na criação de um ambiente acadêmico internacional qualificado”, define Machado Neto.

(Jorge Vasconcellos, especial para a Sala de Imprensa / Fotos: Divulgação NAFSA, Marcos Santos e Francisco Emolo)


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