“Ensaio para Romeu e Julieta” tem últimas exibições nesta semana

Com entrada gratuita, peça é uma adaptação da obra de William Shakespeare feita pelo Núcleo Tusp

 10/07/2018 - Publicado há 6 anos
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Ouça no link acima entrevista do diretor da peça Ensaio para Romeu e Julieta, René Piazentin, concedida ao radialista Cido Tavares e apresentada no programa Via Sampa, da Rádio USP (93,7 MHz), no dia 4 de julho.

A história de Romeu e Julieta ganha experimentação cênica no Teatro da USP (Tusp), em versão que aborda o aspecto juvenil da obra shakespeariana – Foto: Divulgação / Luciano Garcia

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A conhecida história dos dois amantes de famílias rivais concentra-se nas personagens mais jovens em Ensaio para Romeu e Julieta, que tem suas duas últimas apresentações nesta sexta-feira, dia 13, e sábado, dia 14, no Teatro da USP (Tusp), às 19 horas. Depois da pesquisa realizada, no ano passado, com Rei Lear e Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), o Núcleo Tusp se volta para a tragédia de Romeu e Julieta, também de Shakespeare. É uma criação coletiva a partir de uma proposta inicial de René Piazentin, orientador de arte dramática do Tusp e diretor da peça.

Segundo o diretor, as adaptações no texto foram definidas de acordo com o grupo e o curto tempo de ensaio, que teve duração de um semestre. “As adaptações foram feitas no sentido de reduzir personagens e de focar realmente na história do casal. A principal mudança é que quase todas as personagens mais velhas foram excluídas, resumindo-se a apenas duas: o Frei e a Ama, que funcionam na peça como figuras paterna e materna de Romeu e Julieta”, explica o diretor.

A atriz Nina Ramoz, que interpreta Julieta – Foto: Divulgação / Luciano Garcia

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Segundo Piazentin, são dois jovens que se apaixonam e que estão vivendo o amor pela primeira vez e isso imprime na peça o aspecto juvenil da tragédia de Shakespeare. “Valorizar o aspecto da juventude nessa obra não significa deixar o texto pueril, mas sim sublinhar o caráter do quanto essa tragédia sufoca essas vidas antes de elas conseguirem atingir sua plenitude”, afirma.

Para o diretor, Romeu e Julieta tem uma estrutura muito interessante. “No início a peça é praticamente uma comédia, o lado cômico fica mais evidente, e a partir da rusga entre as duas famílias a atmosfera muda completamente, torna-se mais sombria e assume o caráter de tragédia, com várias mortes, até o desfecho já conhecido do casal.”

No palco, são oito atores. Os núcleos familiares são representados pelo próprio Romeu e por Julieta. Há também o Frei e a Ama, os amigos de Romeu Benvolio e Mercucio e o primo de Julieta, Teobaldo, que deflagra a parte trágica da história. Ainda foi criado um “narrador”, que assume vários personagens pontuais que aparecem no texto, como Baltazar, que, no final, vai avisar Romeu da suposta morte de Julieta, e o boticário, que vende o veneno.

Os atores Mateus Pigari (Romeu) e Leandro Galor (Frei) – Foto: Divulgação / Luciano Garcia

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O figurino e a trilha sonora reforçam o aspecto da juventude na trama. A trilha sonora, criada a partir de pesquisa realizada pela atriz Júlia Mariano, traz referências de bandas de rock e se estende ao figurino através de camisetas de ícones do gênero, como David Bowie e Amy Winehouse (música-tema do casal na peça). “O rock tem essa identificação com a juventude, que vai ao encontro da proposta da peça”, afirma Piazentin.

O clima é de um ensaio, daí o título da peça, e está presente na trilha sonora, figurino e cenografia. Segundo o diretor, o fato de o trabalho ser focado no diálogo dos atores com o texto e a opção por traduzir essa história a partir da perspectiva dessa tragédia de juventude justificam esse clima de ensaio. “A peça é apresentada na Sala Experimental do Tusp, em formato de arena, com tudo à vista, sem efeitos cênicos. A estrutura da própria sala é assumida no sentido quase de uma neutralidade”, diz.

As atrizes Bianca Muniz e Nina Ramoz, respectivamente Ama e Julieta – Foto: Divulgação / Luciano Garcia

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Apesar dos cortes no texto e da redução de personagens, a peça segue toda a trajetória do casal. “São infinitas as leituras que podem ser feitas na obra shakespeariana, mas desde o início tínhamos a preocupação em contar toda a história”, afirma o diretor, deixando um convite para que o público conheça essa experimentação cênica. E já avisa que, em novembro, o Núcleo Tusp – formado por integrantes do último processo de seleção – estreia Fausto, poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832).

A peça Ensaio para Romeu e Julieta tem suas duas últimas apresentações nesta sexta-feira e sábado, dias 13 e 14 de julho, às 19 horas, no Teatro da USP (Tusp), localizado na Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, em São Paulo. Os ingressos são gratuitos e distribuídos uma hora antes. Mais informações no site.


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